Facchini

Caminhão já vem até com sensor de sono


Computador de bordo, sensores que avisam se o motorista está sonolento ou ultrapassando a faixa da estrada e sistemas que impedem a partida se o condutor estiver alcoolizado já equipam parte da frota de caminhões em países desenvolvidos e começam a ganhar presença no Brasil. A tecnologia adotada nos veículos pesados está evoluindo na mesma velocidade que a dos carros de passeio.
Os caminhões de luxo, na faixa de R$ 450 mil a R$ 500 mil, representam menos de 5% das vendas, mas a tendência é de ampliar presença, principalmente na categoria dos pesados, que levam grande volume de carga.
A frota de caminhões do Brasil tem idade média acima de 10 anos e, em algumas regiões, chega a 20 anos. A demanda por veículos mais sofisticados surgiu na carona do crescimento econômico. "O mercado estável exige busca maior de competitividade e de profissionalismo", diz Joachim Maier, vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz.
De olho nessa demanda, a Mercedes anunciou, na semana passada, a produção, em 2011, do Actros, o caminhão mais avançado da marca. A cabine "é uma suíte presidencial", define o gerente de produto Eustaquio Sirolli. A MAN, dona da marca Volkswagen - que ganhou mercado com produtos básicos -, também vai produzir modelos mais luxuosos em Resende (RJ) em 2011.
Roberto Cortes, presidente da MAN/Volkswagen, diz que a estratégia é adequar a tecnologia de ponta à realidade brasileira. "Temos de tropicalizar o que existe de melhor lá fora." Hoje, o modelo mais sofisticado da Volkswagen, o Constellation, custa R$ 300 mil e responde por 12% das vendas. A empresa oferece veículos com câmbio automatizado, o V-Tronic, que custa entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.
Antes da produção local, a Mercedes iniciou este mês a importação do Actros da Alemanha, oferecido a R$ 380 mil na versão mais simples - que vem com vários equipamentos, como câmbio automatizado, ABS, suspensão a ar e freio eletrônico.
A versão top, que sai por R$ 440 mil, agrega outras tecnologias, como controle de distância do veículo à frente e ar condicionado que funciona mesmo com o caminhão desligado. Um veículo da mesma categoria, sem esses itens, custa R$ 250 mil.
"O Actros é mais avançado que um Classe S", afirma Maier, ao comparar o extra-pesado à linha mais luxuosa de carros da marca. Para ele, o consumidor desse tipo de produto leva em conta o ganho que terá com economia de combustível, menos desgaste de peças, redução do tempo da viagem e de acidentes.
Pão sem gergelim. A Scania equipa modelos feitos no País com suspensão a ar, que permite a instalação de sistema de ajuste de altura da suspensão e tecnologia para atrelar e desatrelar o cavalo mecânico. O gerente executivo de vendas, Eronildo de Barros Santos, cita como vantagens a preservação do veículo e a capacidade de absorver os impactos de buracos. Um cliente da marca, a rede McDonald"s, solucionou um problema incômodo. "Em algumas viagens, os pães para hambúrguer chegavam com o gergelim da cobertura solto; agora, chegam intactos."
O item de maior demanda é o Retarder, terceiro freio que permite controle automático da velocidade em subidas e descidas. O sistema custa R$ 10 mil e equipa 20% dos caminhões rodoviários. Segundo Renata Perucci, gerente de caminhões da Scania América Latina, "com a economia de combustível que o sistema promove e a preservação de pneus e outras peças, o investimento se paga em sete meses".
Outra tecnologia adotada pela Scania é o Driver-suport, que alerta o motorista sobre a forma de condução, como erro na troca da marcha. Entre tecnologias que chegarão em breve, está a de sensores de presença. Se pessoas estiverem próximas ao veículo, o motor desacelera para evitar atropelamento.
Cortes lembra que os ônibus também incorporam alta tecnologia, como sensor que impede a partida se portas estiverem abertas e o sistema Kneeling (ajoelhamento), que inclina a lateral e facilita o acesso de passageiros.
FONTE: ESTADÃO
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