Um contrato de transporte de cargas assinado entre a Usiminas e a Vale vai retirar diariamente da BR-381, no trecho entre Ipatinga e São Paulo, pelo menos 70 caminhões, o que representaria 2.100 por mês. O acordo entre a siderúrgica e a mineradora entra em vigor em 2011. Com a decisão, parte da produção de aço da Usiminas deixará de ser levada por rodovia, para chegar à Grande São Paulo de trem, por meia da Ferrovia Centro Atlântica, operada pela Vale.
A assessoria da Usiminas informou que a opção pelos vagões foi feita anteriormente e, agora, terá um incremento. Pelo acordo firmado semana passada, haverá um aumento no volume de transporte ferroviário das atuais 744 mil toneladas por ano para 990 mil toneladas – um crescimento de 32%. Como consequência, a estimativa é de que, num primeiro momento, 70 caminhões deixarão de circular diariamente de Ipatinga ao estado paulista, num percurso de 808 quilômetros que inclui passagem por Belo Horizonte.
O acordo animou o Ministério Público Federal (MPF), que havia ajuizado uma ação civil pública na Justiça Federal de Ipatinga, em agosto do ano passado, com o objetivo de transferir o tráfego de cargas pesadas da BR-381 para o ramal ferroviário. A adesão dependia da Usiminas e da Vale, que atua em minas como as de Itabira e de São Gonçalo do Rio Abaixo. Em 30 de março, houve uma audiência de conciliação, mas o órgão federal e as empresas não chegaram a um consenso.
Para o procurador Edmar Machado, esse contrato celebrado entre as duas companhias seria um sinal de que a solicitação do MP tem possibilidade de ser efetivada. Ele estima que uma espécie de termo de ajustamento de conduta direcionando parte das cargas para os trens retiraria cerca de 5 mil caminhões da 381 todos os meses.
Na ação, o MPF também pede que a Vale disponibilize postos de coleta de mercadorias nos municípios, para que empresários e a população em geral possam transportar itens de supermercado, bebidas ou botijões de gás por malha ferroviária. Outro pedido diz respeito à melhora do transporte de passageiros na linha Vitória a Minas, com ampliação dos horários (hoje limitado a um por dia), incluindo a criação de viagens noturnas.
A BR-381 é conhecida como a Rodovia da Morte. O trecho mais perigoso, de 100 quilômetros, fica entre Belo Horizonte e João Monlevade, na Região Central. Ele tem traçado sinuoso e estreito, com 200 curvas.
FONTE: UAI Minas