Produtores de Mato Grosso se mobilizaram ontem para pressionar o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a suspender a interdição ao porto de Paranaguá (PR), utilizado para o embarque da soja mato-grossense aos mercados internacionais. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), não soube estimar o volume de cargas que está parado no porto.
“Estamos procurando a bancada federal do Paraná para tentar acelerar o processo de liberação das operações do porto, pois o custo da paralisação de um navio, por dia, chega a representar US$ 50 mil ao produtor”, afirma o diretor executivo da Aprosoja/MT, Marcelo Duarte Monteiro.
O porto de Paranaguá foi interditado na última quinta-feira pelo Ibama, por descumprimento de um acordo assinado entre a administração do porto e o órgão para a regularização ambiental da operação do terminal. O processo de regularização ambiental do porto começou em 2002 e o termo de compromisso foi assinado em 2009. De acordo com informações do Ibama, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina descumpriu, por mais de uma vez, os prazos de entrega dos documentos para a elaboração dos estudos ambientais para a regularização e os planos de emergência individuais.
A interdição, ocorrida após aplicação de multa de R$ 10 milhões ao porto de Santos (SP), paralisa todas as operações da faixa portuária, que tem hoje 13 navios atracados. Há, ainda, 45 navios ao largo e 26 navios previstos para a atracação em Paranaguá.
Segundo Monteiro, o bloqueio do porto é altamente prejudicial para os exportadores mato-grossenses. “Os prejuízos são incalculáveis, pois os custos com o frete irão aumentar com a paralisação dos caminhões no porto”, diz.
O diretor da Aprosoja/MT advertiu que a paralisação de Paranaguá poderá mudar a rota de embarque dos grãos produzidos em Mato Grosso e sobrecarregar outros portos, gerando transtornos e atrasos na entrega das cargas.
“Não podemos ficar com a produção parada no porto por causa de problemas de descumprimento de contratos com órgãos ambientais. O porto, apesar de situado no Paraná, é federal e não pode ficar muito tempo com suas operações suspensas. Para o produtor é um grande contrassenso, pois ele planta, colhe, transporta e, no momento de embarcar a produção para os destinos, é proibido de utilizar o porto”, argumenta.
O problema, segundo Monteiro, é que além dos prejuízos, os produtores têm compromisso de entrega com os importadores.
No ano passado, o porto chegou a ficar interditado temporariamente pelo governo paranaense para o transporte da soja transgênica, gerando transtornos aos produtores.
ROTA - Tradicionalmente o escoamento da produção de Mato Grosso, via Paranaguá, permite no frete de retorno a vinda de fertilizantes utilizados nas lavouras, um processo que se quebraria com a proibição no Estado paranaense.
“[Paranaguá] é um porto que vem reduzindo a sua participação nos embarques de soja por problemas locais, por isso os mato-grossenses têm buscado alternativas, como Vitória, São Francisco, Manaus e Santarém. O porto mais utilizado para o embarque da soja mato-grossense é o de Santos (SP), por onde saem quase 50% da produção. Paranaguá é apenas o 6º em importância para Mato Grosso, representando 6% dos grãos embarcados (1,06 milhão de toneladas na safra 2009/10).
FONTE: Diário de Cuiabá