O sonho de pelo menos seis décadas está virando pesadelo. A rodovia Itabira a Nova Era, trecho de 30 quilômetros, entregue ao tráfego no segundo semestre de 2008, parece mesmo ser uma alternativa para caminhões e carretas. Os motoristas preferem seguir por Itabira, pelas MGs 434 e 129, evitando o trecho da BR-381 que passa por São Gonçalo do Rio Abaixo, João Monlevade e Bela Vista de Minas. A péssima notícia é que a Itabira – Nova Era está virando a nova “Rodovia da Morte” e não comporta o tráfego que subiu de 1.250 veículos/dia, no início, para quase o dobro. A outra informação que não agrada é que a Prefeitura de Itabira não sabe como poderá retomar as obras que ligarão Ipoema ao Bamba (MG-434) porque a crise financeira mundial ainda reflete na arrecadação.
As boas novas são: o governo do estado prevê concluir em breve a ligação Bom Jesus do Amparo com Ipoema e Itambé do Mato Dentro com Itabira. Nessa última, tem uma parceria com a Prefeitura itabirana, que emenda o trecho até o Mirante da Serra, na direção de Senhora do Carmo. E a conclusão da Passabém a Santo Antônio do Rio Abaixo via São Sebastião do Rio Preto passa a ser uma boa notícia, pois, apesar de ocorridos vários acidentes, a situação mudou com a decisão da empreiteira de sinalizar o trecho.
ITABIRA A NOVA ERA
No fim de junho, DeFato fez estudos e rápidas pesquisas no contorno rodoviário de Itabira. Dos 86 veículos que seguiam para o rumo de Guanhães, ou que vinham em sentido contrário, em horário de pequeno movimento, durante uma hora, 60 tomaram a direção de Nova Era. Constatou-se, então, que aquela média de veículos/dia praticamente dobra. O engenheiro Álvaro Eduardo Goulart, coordenador da 12ª Região do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), de Itabira, afirma que em breve atualizará o levantamento que determina números exatos.
O alto índice de veículos em circulação resultou em cerca de 20 acidentes na MG-120 durante um mês. Uma média assustadora, principalmente porque quase todos envolveram carretas pesadas. Ocorreu um caso até engraçado, que serviu para colocar uma pitada de humor nos comentários: uma carreta atropelou um boi nas proximidades de Laboreaux. A vítima foi aproveitada num churrasco inédito, feito à beira da rodovia por moradores da região.
Segundo o coordenador Álvaro Goulart, o DER não pode proibir o tráfego de carretas nem na MGC-120 nem em lugar algum. Anuncia que está sendo feito um projeto para reforço e melhoramento do trecho de 30 quilômetros como medida destinada a resolver o problema. O secretário de Transportes e Obras Públicas do governo de Minas Gerais, Fuad Noman, confirma as informações do coordenador e ainda diz que a estrada foi incluída no Pro-MG Pleno. “Por meio desse programa, as empresas que vencem a licitação para a recuperação de rodovias também assumem o compromisso de fazer, durante quatro anos, a manutenção dos trechos em que trabalharem”, explica. Seja como for, o projeto que o DER anuncia ainda vai demorar, debitado na conta da burocracia do serviço público.
BOAS NOTÍCIAS
A Construtora Eferco, de Belo Horizonte, está concluindo os cinco quilômetros que faltam da nova rodovia Bom Jesus do Amparo a Ipoema. A empresa venceu as duas etapas da concorrência feita pelo DER. Trata-se da realização de mais um sonho dos moradores da região, com recursos extraídos do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). A pavimentação do trecho de 12,9 quilômetros foi iniciada no final de 2008. O custo da obra chega a um milhão de reais por quilômetro.
Outra boa notícia é a pavimentação Itabira a Itambé do Mato Dentro, via Senhora do Carmo, empreitada do DER e da Prefeitura itabirana. Segundo o prefeito João Izael Querino Coelho, faz-se grande esforço para que seja concluída a sua parte junto com a obra do governo estadual.
Passabém a Santo Antônio do Rio Abaixo, trecho de 22 quilômetros, deve ser o maior desafio até agora para receber asfaltamento em Minas Gerais em todos os tempos. A “grande” obra, que começou a ser realizada no início de 2008, já enfrentou uma série de entraves. A primeira foi a demora na arrancada. A segunda, a falência da Pavimax, empresa vencedora da concorrência. A Contek Engenharia assumiu o empreendimento, mas teve também alguns obstáculos, entre os quais as chuvas fora de época foram as determinantes.
Agora, finalmente, parece que a extensão de 22 quilômetros até Santo Antônio do Rio Abaixo, que custa aos cofres públicos aproximadamente R$ 15 milhões, apropriados do ProAcesso, pode ter sua finalização este ano, de acordo com previsão do engenheiro Maurício Torres Sampaio. A terraplenagem ficou pronta até o fim. A notícia que alegra os sebastianenses é que já podem percorrer todo o trajeto de seis quilômetros em “chão preto”, só há a pavimentação com blocos de concreto na vila Antônio Bernardino, em Passabém, para ser concluída.
Nessa rodovia, que espanta, mesmo tardiamente, a chamada “praga de padre”, a Polícia Militar Rodoviária já registrou pelo menos dois acidentes. Mas outros dois ocorreram, de circunstâncias insignificantes, de acordo com moradores da região.
Para amenizar o problema, a Contek sinalizou os 6 km. Mesmo com a sinalização provisória, fica o aviso aos navegantes: cuidado, gente, não corra, não mate, não morra; agora é asfalto e isso não é pista de Fórmula I.
As pendências que deverão ficar para um tempo ainda não previsto, são as seguintes:
- alargamento, ou construção de outra ponte na saída da cidade, no córrego das Posses, rua Conceição do Mato Dentro;
- alargamento de ponte no rio Preto, proximidades do campo de futebol (esse destruído pela emprei teira que faliu);
- pavimentação de cerca de 300 metros na rua Conceição do Mato Dentro (pequena obra a cargo da Prefeitura);
- solução do problema de uma casa ao lado da ponte sobre o rio Preto (ela obstrui a passagem, perigosamente, na curva); a solução sugerida às autoridades seria a desapropriação ou construção de outra moradia para a família que a ocupa há mais de 50 anos.
DE VOLTA ÀS MÁS
De volta às más notícias, em maio do ano passado foi dada a partida do asfaltamento Itabira a Ipoema, via localidade do Bamba, na MG-434. A obra, tocada pela empresa itabirana Vale Verde, foi interrompida antes de serem completados os primeiros dez quilômetros do distrito até o entroncamento da localidade do Turvo. O prefeito João Izael explicou a DeFato que os reflexos da crise na arrecadação de Itabira perduram por, no mínimo, três anos por causa da incidência do Valor Adicionado Fiscal (VAF). “Muita gente não entende o que significa isso; o nosso orçamento, de quase R$ 300 milhões, está totalmente comprometido aos itens estabelecidos pela legislação — 25% para educação, 28% para saúde (13% a mais, por causa da necessidade itabirana), 40% para pessoal —, o que mostra que sobram 7% para investimentos e esses valores estão sendo empregados no pagamento das contas anteriores”, disse o chefe do executivo, que não sabe quando a Prefeitura retomará a obra.
FONTE: De Fato online