Empresas que chegam a paralisar a produção de um dia. E blocos de rochas nos pátios à espera dos equipamentos de transporte. Essas têm sido a realidade de empresas exploradoras de rochas ornamentais no Espírito Santo. O problema começou há cerca de um mês. No dia 1º de julho entraram em vigor as novas regras para transporte de rochas ornamentais brutas no país. O custo do frete, por exemplo, subiu cerca de 20%, desde que a Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) entrou em vigor.
A falta de peças para adaptar os veículos somada à alta na demanda também têm gerado prejuízos. "Em um primeiro momento essa transição está sendo difícil, bem complicada. Os prestadores de serviços que promovem as adaptações também não têm estoque de peças para atender à demanda existente", afirmou o superintendente do Sindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais (Sindirochas), Romildo Tavares.
De acordo com as novas regras, semi-reboques de três eixos não podem mais serem utilizados para transportar esse tipo de carga - passa a ser necessário ter quatro eixos. Para o transporte em que o peso bruto total combinado seja superior a 53 toneladas só é permitido utilizar veículos do tipo caminhão trator 6x2 ou 6x4, com um semi-reboque dianteiro para distribuição do peso.
Além disso, é preciso um semi-reboque traseiro destinado ao carregamento de cargas indivisíveis de até seis metros. O transporte de rochas com peso de até 57 toneladas, independente de seu comprimento, podia ser feito também por veículos semi-reboques de três eixos.
Regularização
Segundo o superintendente do Sindirochas, cerca de 70% da frota que faz o transporte das rochas é terceirizada. São cerca de 750 veículos e em torno de seis empresas capacitadas para prestar o serviço de adaptação. Em torno de 300 veículos fazem o transporte de cargas com peso até 45 toneladas e não precisaram sofrer adaptação.
"Tem muito bloco. Os maiores, parados nas pedreiras, sem ter os equipamentos necessários para fazer o transporte. Principalmente, em Cachoeiro (de Itapemirim, sul do Estado), muitas indústrias interrompem a produção de um dia, aguardando a chegada do bloco, que só chega por meio do transporte rodoviário", afirma Tavares.
O superintendente do Sidirochas destaca que as novas regras trouxeram avanços na área da segurança do transporte. Mas, o prazo para a adequação prejudicou o setor. "O único 'senão' é em relação ao prazo. Tudo precisa de um prazo para adequação. É uma marca negativa, apesar de serem ações de interesse do setor, inflacionou o frete", conclui. A estimativa do Sindirochas é que são necessários, ao menos, três meses para adequar toda a frota.
Rochas Ornamentais no Espírito Santo
O Espírito Santo, de acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, é o principal pólo de desenvolvimento no setor de rochas ornamentais do país. O Estado se destaca como 6º exportador mundial em volume físico e 4º exportador brasileiro em bruto, compondo 50% da produção nacional. São mais de 200 padrões diferenciados de mármores e granitos, extraídos em seu território ou adquiridos em outros estados, para serragem de blocos em seu parque de desdobramento.
No Estado, existem aproximadamente 1.250 empresas no setor com um número de 25 mil empregos diretos e 105 mil empregos indiretos. O segmento é ainda responsável por 7% do PIB capixaba.
Os Estados Unidos absorvem mais de 80% do material processado, exportado pelo Espírito Santo. Nas exportações de blocos, a Itália, China e Espanha sendo os três principais destinos desse produto. No Brasil, os maiores consumidores estão nos Estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
FONTE: ES Hoje