Facchini

Piratas do asfalto roubam R$ 1 bilhão

As rodovias que cruzam Minas Gerais tornaram-se lamentavelmente famosas em todo o país pelas armadilhas que abrigam e, em muitos casos, pela péssima qualidade do asfalto. Porém, um de seus maiores riscos é invisível e permanece à espreita principalmente dos transportadores de carga, mas também de quem corta o estado a bordo de ônibus. Na calada da noite, piratas do asfalto aproveitam qualquer momento de desatenção para agir. A abordagem é rápida, violenta, mas fácil. O bote, certeiro. E repete-se cada vez mais.
Estudo mostra que, em seis anos, o volume de cargas saqueadas no país subiu de R$ 700 milhões para R$ 900 milhões, marca alcançada em 2009, com ataques concentrados na Região Sudeste. Quase 75% dos roubos registrados no ano passado, R$ 658,4 milhões, ocorreram em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A projeção é de que as estradas mineiras ocupem o segundo lugar na quantidade de ocorrências e no total roubado, logo depois das paulistas, por causa do tamanho da malha rodoviária e pelo fato de o estado ser rota para caminhões que cruzam o país de Norte a Sul.
A audácia que sustenta a pirataria no asfalto é tamanha que receptadores chegam a encomendar carregamentos específicos aos saqueadores. O relatório que retrata a situação vivida por caminhoneiros, produzido pela NTC & Logística, associação representante da indústria de transporte de cargas, aponta que três regiões — Nordeste, Sudeste e Sul — seguem a tendência de aumento no total de valores roubados nos últimos quatro anos, enquanto o Norte apresenta queda e o Centro-Oeste mantém percentual semelhante ao de 2006.
Como quatro a cada cinco ataques acontecem no Sudeste, o aumento de 22,74% nas ocorrências na região interfere no resultado de todo o país. Não por acaso, as estatísticas mostram que houve crescimento de 18,41% nos dados nacionais, que saltaram de 11.401 episódios de cargas saqueadas, em 2006, para 13.500, no ano passado.



Principais alvos
Em Minas, segundo a Federação das Empresas de Transportes de Carga do estado (Fetcemg), são quatro as principais rotas de atuação dos ladrões de carga: Triângulo Mineiro, no eixo da BR-050; Sul de Minas, com ação concentrada na Fernão Dias, especialmente na divisa com São Paulo; na Zona da Mata, aproveitando a proximidade entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro; e na Região Central, com roubos quase diários na BR-040, entre Paraopeba e o trevo de Curvelo.


Segundo o presidente da Fetcemg, Vander Francisco da Costa, as quadrilhas escolhem rotas que possibilitem facilidade de fuga para outros estados, para tirar proveito da falta de integração entre as polícias. Ao cruzar divisas, os ladrões se esquivam da fiscalização, uma vez que a corporação do estado vizinho não é informada do crime. “Em Minas, o principal ponto de assaltos é Uberlândia pela facilidade de acesso ao Centro-Oeste e a São Paulo”, explica Costa.
Dados do Centro Integrado de Informações de Defesa Social apontam que, de janeiro a maio, foram registradas 98 ocorrências de roubo a mão armada a caminhões de carga no estado.
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