A restrição para caminhões em três das mais movimentadas vias de São Paulo, que vigora a partir desta segunda-feira, dia 2, deve aumentar o custo final dos fretes em até duas vezes. Pela nova regra, estabelecimentos localizados na Marginal Pinheiros, na avenida dos Bandeirantes e na avenida Roberto Marinho terão que receber entregas de veículos urbanos de carga (VUC). São caminhonetes com capacidade para até 4,5 t, ou menos de um quinto de uma carreta - que transporta até 30 t.
Segundo o presidente do sindicato que representa o setor de cargas em São Paulo (Setcesp), Manoel Sousa Lima Júnior, o transporte de grandes cargas terá de ser fracionado em até cinco VUCs, elevando em 1,8 vez o valor do produto transportado. Tais custos devem ser repassados ao consumidor final, afirma ele. A Prefeitura de São Paulo diz preferir os cinco VUCs a uma carreta nas ruas.
O secretário municipal de Transportes e presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Marcelo Cardinale Branco, afirma que a troca é vantajosa para a cidade, conferindo maior agilidade ao transporte público. "É melhor ter cinco VUCs do que uma carreta no trânsito. São mais ágeis e eficientes. Os VUCs podem acessar o estacionamento do comércio, a carreta precisa parar na rua e bloquear o fluxo. É preciso criar a cultura do VUC", diz o secretário.
Para o arquiteto e consultor em mobilidade urbana Horácio Figueira, a substituição de uma carreta por quatro VUCs é um mau negócio. De acordo com ele, a carreta ocupa em média 2,2 m de largura por 20 m de comprimento, enquanto cada VUC tem cerca de 6,3 m de comprimento. Caso enfileirados e guardando a distância de segurança entre um e outro, os VUCs tomarão um espaço muito maior que o de uma carreta nas vias. "É o transporte da mesma quantidade de carga pelo triplo do espaço ocupado, isso sem falar na poluição produzida", disse.
Outro custo que pode ser embutido na mudança é o pedágio a ser pago no Rodoanel, que começará a ser cobrado para quem vem do interior pelas principais rodovias até o acesso ao litoral pelo sistema Anchieta/Imigrantes. Alguns trechos já possuem esta cobrança, cujo valor varia em cada praça.
A prefeitura sinalizou ainda que a restrição aos caminhões deve ser ampliada para a marginal Tietê, assim que as obras na avenida Jacu Pêssego, próximas à via, permitam a passagem de um fluxo maior de veículos. Para Horácio Figueira, a proibição dos caminhões cria a "sensação" para o motorista de carros de que a pista está mais livre para a sua passagem". "É mais uma mostra da escolha desta administração pela opção do transporte individual", diz.
FONTE: Terra