Quase metade (exatamente 45%) da frota brasileira de caminhões tem mais de 20 anos de uso, ou seja, cerca de 600 mil caminhões já está na idade de se aposentar, sendo que 270 mil deles têm mais de 30 anos de uso.
Os problemas de uma frota com idade avançada são inúmeros. Os caminhões velhos poluem mais, estão mais propensos a quebrar na rua e consequentemente a congestionar o trânsito. Além disso, são menos favoráveis a uma logística eficiente e dão mais gastos aos donos, pois consomem mais combustível.
As estimativas são de que os caminhões novos emitem entre 80% e 90% menos até poluentes do que os fabricados 1993. De todos os caminhões que circulam no Brasil, 53% são fabricados antes deste ano.
Por isso a Confederação Nacional dos Transportes desenvolveu o RenovAR – Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões. No Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação da frota, realizado e agosto último, a entidade realizou apresentou o plano, que prevê a melhoria do acesso ao crédito, especialmente para os caminhoneiros autônomos, e a retirada de circulação dos veículos antigos com a destinação correta da sucata e de outros materiais para a reciclagem.
Metais e outros componentes e insumos - como combustível, óleos lubrificantes, vidros e baterias - podem ser reaproveitados e precisam ter destinação ambientalmente adequada.
Pelo levantamento da entidade, os caminhoneiros autônomos representam 62% do total da frota de 1,3 milhão de caminhões no Brasil. Eles são proprietários de 88% dos veículos com mais de 30 anos e tm dificuldades em comprar caminhão novo. O RenovAR defende que sejam retirados de circulação todos os caminhões com mais de 30 anos (270 mil unidades). Se a cada ano, forem sucateados 50 mil veículos, será necessária mais de uma década para que todos os caminhões com mais de 30 anos não circulem mais.
Está sendo elaborado um documento para publicação e distribuição à sociedade, órgãos e entidades formadoras de opinião sobre o tema, chamando a atenção para as principais diretrizes, dentre elas: a necessidade de se ter um programa de reciclagem de veículos e renovação de frota, confirmada pela idade avançada da frota, os impactos ambientais, sociais e econômicos e pela percepção de que a reciclagem é um bom negócio do ponto de vista econômico.
Para ser bem sucedido, um projeto desse porte tem que oferecer mais do que simplesmente incentivo ao crédito. É preciso uma proposta concreta para que o dono do caminhão velho possa substituí-lo por um novo. É claro que o dono de um veículo com mais de 30 anos de uso não tem recursos em aplicar num modelo novo. Simplesmente retirar o caminhão velho de circulação sem oferecer uma alternativa concreta ao usuário seria resolver um problema e criar outro.
FONTE: WebMotors