Facchini

Empresário fala sobre a burocracia que se abate sobre o transporte de produtos perigosos


Portal Transporta Brasil traz uma entrevista exclusiva com José Maria Gomes, diretor Executivo da Quimitrans, sobre a burocracia e a atual conjuntura do segmento de transporte rodoviário de produtos perigosos. Acompanha a íntegra:
Portal Transporta Brasil: Qual é o nível de burocracia enfrentado pelas empresas de transporte de produtos perigosos?
José Maria Gomes: O transporte de produtos perigosos é o segmento que mais tem regulamentação. Para você ter uma ideia, hoje nós temos um decreto lei, nove leis, doze decretos, 56 resoluções, 11 portarias, 17 regulamentos técnicos, uma instrução normativa, 18 normas brasileiras, quatro regulamentos de avaliação e conformidade, 11 normas regulamentadoras e três deliberações para cumprir. Todo esse conjunto nós temos que traduzir depois na operação. Evidentemente, você tem dentro desse conjunto as regras mínimas que devem ser atendidas para fazer um carregamento de produtos perigosos. E isto compreende o veículo e o condutor. Os dois também estão contemplados nesse conjunto de regras que eu citei. Com isso, você tem que ter uma retaguarda por outro lado para poder suportar toda essa necessidade quando o veículo entra em operação. Você tem o custo operacional mais alto porque precisa ter pessoas com nível de preparo adequado para interpretar tudo isso e cumprir. E depois, você tem dentro desse conjunto de regras vários elementos que tem que se cumprir porque têm vencimento periódico. Regras como capacitações de veículo, aferições de veículo e curso mopp de motoristas são vencimentos periódicos que você tem custo cada vez que for fazer uma nova renovação ou inspeção no veículo.
Portal Transporta Brasil: Tudo isso contribui para um setor mais organizado e com operações mais seguras?
José Maria Gomes: Eu não tenho dúvida que isso contribui. Eu acho que o que existe em excesso na verdade é uma série de legislações que não contribuem em nada. Como, por exemplo, quando se exige um monte de licença para trafegar sendo que na verdade a gente tem que estar preocupado — e aí sim a legislação é importante — naquilo que efetivamente pode ser a causa do acidente. O veículo estar adequadamente dentro da regra, o motorista bem preparado e o conjunto motorista/equipamento trafegando na rodovia estará fazendo isso com maior segurança, com mais responsabilidade e contribuindo com um número baixo de acidentes.  Para você ter uma ideia, em uma estatística do Estado de São Paulo do ano passado, em um conjunto de cento e poucos mil acidentes registrados no Estado, somente 100 acidentes envolviam produtos perigosos, e desses, só cinco com vazamento de produto.
Portal Transporta Brasil: Qual seria o caminho para facilitar o trabalho das empresas do segmento?
José Maria Gomes: Eu diria que nós já estamos batalhando por esse caminho, que é racionalizar a legislação. Em primeiro lugar tentar ter uma licença única para você operar em todo o território nacional, e o segundo passo que nós estamos dando nesse momento é a gestão juntamente ao Inmetro, que é o órgão delegado pela legislação de produtos perigosos a fazer os regulamentos técnicos, no sentido de tornar mais viável de cumprir a legislação atual para que se perca menos tempo do veículo parado.
Portal Transporta Brasil: Transportar químicos e outros produtos perigosos é uma grande responsabilidade. Como as empresas podem buscar por mais qualidade e segurança?
José Maria Gomes: As empresas hoje já têm um nível bom. Quem trabalha com produtos perigosos trabalha ininterruptamente para que se opere com mais segurança e que se enfatize muito mais na prevenção do que na correção. O que a gente investe permanentemente é na prevenção. Os resultados que a gente colhe são muito positivos, por termos um nível de acidentes muito baixo.
Portal Transporta Brasil: Quais são as perspectivas do segmento?  Há projeção de crescimento para o transporte de produtos perigosos?
José Maria Gomes: O segmento já vem crescendo. Hoje nós temos um componente que tem oxigenado muito o setor de produtos perigosos, que é o crescimento vertiginoso da movimentação de etanol. O produto químico, com o crescimento do País e como a química está desde o vestuário à alimentação, evidentemente que ele está na esteira do crescimento do País. Então as perspectivas são muito boas.
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