Facchini

Sonho de infância leva comerciante a restaurar caminhão

O comerciante Luciano Cajazeiras guarda no quintal da loja própria uma preciosidade das antigas: o caminhão Chevrolet Brasil 61. O carro chama atenção por onde passa.
Chevrolet Brasil 61. Quem conhece sabe do que estou falando”. Luciano Cajazeiras, 58, é comerciante, nunca foi caminhoneiro - nem político, mas costuma pegar a caranga nos finais de semana pra “exibir pro povo”. É um caminhão verde e branco do ano de 1961, com cara de sertão das antigas. Nostalgia pura.
“Fui um garoto liso do sertão de Quixeramobim (a 218 quilômetros de Fortaleza). Morava vizinho a um cidadão caminhoneiro conhecido por Antônio da Hora. Nos finais de semana, ele costumava passear com a gente no Chevrolet Brasil 61 do patrão dele. Eu tinha uns 10, 12 anos”, lembra o comerciante. E bastou isso pra imagem do caminhão não sair mais da cabeça do menino.
Tudo bem que o cenário do interior do Ceará daquele tempo também ajudou na paixão pelo modelo retrô. “O caminhão é o meio de transporte que desbravou o sertão nordestino, trabalhou duro, fez história. Algodão, carneiro, queijo, tudo era transportado por eles. E esse modelo chamava atenção, era avançado, muito bonito, moderno mesmo”, ensina Luciano Cajazeiras.
Tinha também o transporte ferroviário, seu Luciano. “É, mas num dava pra comprar um trem, né?”, graceja.
“Eram o melhor da praça, os mais vendidos”, garante o ex-caminhoneiro e amigo de Luciano, Assis Rodrigues, 73. A Chevrolet Brasil foi uma linha de caminhões com lançamentos anuais entre 1958 e 1962. Depois disso, continuou a ser fabricado, mas não vinha mais com o nome de Chevrolet Brasil.
Depois de comprar o 61 de um fazendeiro, foram oito meses reformando o “desbravador” num fundo de quintal. Pintura externa, cabine novinha - mas respeitando as peças antigas, painel impecável, motor colorido e um lameiro que se preza com os dizeres: “Sucata de playboy”.

Padroeiro
Desde que o Chevrolet Brasil 61 de Luciano ficou nos trinques, em junho deste ano, não teve mais sossego. Seu Luciano não comprou e restaurou o veículo para guardar a sete chaves, mas pra “mostrar”.Por isso, já correu 1.500 quilômetros nas estradas do estado. Quando foi pra festa de Santo Antônio de Quixeramobim, “só perdeu (em popularidade) pro Santo Antônio. Porque, afinal, é o padroeiro da cidade”, pavoneia-se o dono.
“Nos finais de semana, vamos ali pra Beira-Mar, pra Cidade 2000... E as pessoas ficam admiradas. Pedem pra parar, pra tirar foto”, relata a esposa de Luciano, Inês Cajazeiras, 52. “Quando ele comprou esse carro, eu não sabia que causaria tanta reação nas pessoas, mas a experiência (de passar no caminhão restaurado pelas cidades do Interior) é única”, garante o filho do casal, Ronald Cajazeiras, 28.
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