Facchini

Caminhões congestionam trânsito em via dos Coelhos

Calçadas quebradas, tráfego intenso em qualquer horário do dia, risco iminente de colisões e impacto no bolso dos moradores. É o retrato da Rua Largo dos Coelhos, no bairro dos Coelhos, região central do Recife. Os efeitos são resultado das operações irregulares de descarga dos caminhões-baús que trabalham para a empresa Via Mix Distribuidora Ltda - de alimentos, artigos de perfumaria e papelaria. Ontem pela manhã, em menos de duas horas de visita ao local, das 10h às 12h, a reportagem do Diario flagrou oito caminhões parados em uma das duas faixas da rua, que deveria comportar fluxo nos dois sentidos. O meio-fio, pintado em amarelo, parecia invisível aos olhos dos motoristas que entravam e saíam da Via Mix. É quando os moradores do bairro sentem as consequências diretas de um trânsito quase parado. Com a via estrangulada é preciso redobrar a atenção, já que só é possível circular na rua usando uma das suas faixas.
Parece cena de filme, mas do sofá da sala da casa número 99-b, a moradora Laurinadja da Silva, de 58 anos, já viu um caminhão, com mais de 20 metros, encostar no portão de sua casa. "Vi, sentada. O resultado é que tive parte da minha calçada quebrada, por causa do peso do caminhão", explicou a aposentada que mora, com a neta, em frente ao depósito da Via Mix. Para se proteger das manobras ousadas, ela decidiu instalar, há um ano, três ferros de proteção, de um metro de altura cada, na frente da residência. "Gastei R$ 50. E, há quatro meses, um caminhão derrubou um deles quando manobrava", acrescentou. A marca de concreto, aplicado há pouco tempo no solo para reinstalar a proteção, ainda está lá. Do lado da 99-b, a vizinha de Laurinadja, a 99-a, "teve toda a parte da frente do muro derrubada por outro veículo". 
Ali próximo, na Rua Padre Venâncio, o funcionário da Prefeitura do Recife, Daniel Ferreira, 43, também reclama da intensa circulação de veículos de grande porte. "Quando eles passam, você sente a casa tremer. Olha aqui essas rachaduras. Isso é provocado pelos caminhões", garantiu. Para reparar os problemas na estrutura da casa, que começaram a aparecer em 2009, ele já gastou cerca de R$ de 3 mil. Perto dali, o pastor evangélico Roberto Gomes, 49, sentia os efeitos do tráfego, no fim da manhã, quando foi buscar a esposa na Ilha do Leite. Ele usa a Rua Largo dos Coelhos quatro vezes ao dia, uma das principais rotas de acesso ao Centro. Mesmo dirigindo com cuidado, já foi vítima de um acidente. "Foi em agosto. Eu vinha no meu Fusca e uma moto bateu nele. Nós estávamos na mesma faixa, porque a outra era ocupada pelos caminhões. Isso aqui é um transtorno", disse. Procurada pela reportagem, a direção da empresa disse apenas, através de um vigilante, que os caminhões parados na faixa de rolagem não eram da Via Mix. Ontem, às 12h, um caminhão tipo baú da empresa Tecmar Transportes Ltda era o primeiro da fila, formada por outros sete veículos, que aguardavam pela descarga. "Aqui, são cerca de 20 mil sabonetes, distribuídos em 204 caixas", contou o funcionário daempresa Tecmar, Elias Pereira, mostrando nas mãos o documento em que a empresa Via Mix solicitava os produtos de perfumaria à Tecmar Transportes. 
NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA