Depois das dificuldades observadas em 2009 pelas fabricantes de caminhões e ônibus, como reflexo da crise de crédito global, 2010 mostrou forte reação nas vendas ao Exterior.
Entre as montadoras, a Mercedes-Benz, líder brasileira em exportações de veículos comerciais, observou crescimento de 86% na demanda internacional. Só não foi melhor, segundo o vice-presidente de vendas e marketing, Joachim Maier, porque a fábrica de São Bernardo está no limite de sua capacidade produtiva.
De janeiro a setembro, a montadora efetivou encomendas de 3.308 caminhões ao Exterior, o que significou 70% de aumento em relação ao mesmo período de 2009. Na área de ônibus, foram 8.065 unidades exportadas, 95% mais que nos nove primeiros meses do ano passado. Nesse último segmento, o volume da Mercedes corresponde a 80% do que foi negociado pelo Brasil no mercado internacional.
Maier explica que, em razão de a unidade do Grande ABC operar atualmente no teto de sua capacidade, parte da demanda de países latino-americanos terá de ser atendida em 2010 pela empresa com veículos importados da Alemanha.
Para equacionar a limitação na oferta, a companhia anunciou no início do ano investimento de R$ 1,5 bilhão, a fim de ampliar em 15% a fábrica até fim o ano que vem. Além disso, tomou a decisão de produzir caminhões, em 2011, também em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Retomada
Maier avalia que a filial brasileira da montadora alemã se beneficiou do fato de a economia da América Latina ter se recuperado mais rápido do que mercados como Estados Unidos e Europa.
Atualmente, 70% de suas encomendas de caminhões são para a Argentina. A avaliação é que o impulso nos preços de commodities agrícolas e de mineração trouxe incremento na demanda do país vizinho e de outros do continente, como Chile e Peru.
O executivo explica ainda que a subsidiária deixou de buscar vendas no Oriente Médio, onde já teve atuação destacada. "Mudamos o foco, pois a Daimler (dona da Mercedes) fez parceria com montadora MCV, no Egito. E a Mercedes tem fábrica na Turquia", afirma.
Câmbio
Apesar da retomada observada até agora, a montadora também mostra preocupação com a forte valorização cambial. O dólar chegou a R$ 1,65, menor cotação em dois anos. "Temos clientes fora da América Latina que estão mudando a demanda (seus pedidos) para a Europa", afirma Maier. Ele diz que não fica tão decepcionado por conta da força do mercado brasileiro. No País, as vendas de caminhões Mercedes até setembro estão 48% maiores que no mesmo período do ano passado.
FONTE: Diário do Grande ABC