A falta de pneus no mercado atacado elevou o preço dos produtos em até 25% nos últimos seis meses e está fazendo com que as transportadoras tenham que renegociar seus contratos, repassar o aumento aos clientes.
No Paraná, o problema vem desde o primeiro semestre e está, aos poucos, se regularizando. Porém, espera-se que o fornecimento só deva ser estabilizado no primeiro trimestre de 2011. Já os preços devem continuar iguais.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga no Paraná (Setcepar), Fernando Klein Nunes, explica que os fabricantes de pneus não conseguiram acompanhar a forte demanda pelo produto, vinda da indústria de caminhões e carretas. “Nos últimos quatro anos, esse mercado mais que dobrou”, lembra.
A grande explosão desse mercado aconteceu com a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos caminhões novos. A medida ainda está vigente, até o dia 31 de dezembro. Por outro lado, a indústria de pneus reduziu a produção durante a crise.
Como, segundo Nunes, o segmento não estava suficientemente atento para esse fenômeno repentino, acabou sendo pego de surpresa e não conseguiu abastecer todos os mercados. Já que não podia cortar o fornecimento aos fabricantes dos veículos, foi reduzindo as vendas aos transportadores.
O presidente do Setcepar diz que, na prática, não chegou a faltar pneus no mercado. Porém, como o produto apareceu em menor quantidade, isso refletiu diretamente no preço, reajustado entre 20% e 25%. “E esse é o terceiro maior custo das transportadoras, atrás apenas do óleo diesel e da mão-de-obra”, afirma.
De acordo com Nunes, como o reajuste não era esperado, a maioria das empresas de transporte teve que absorvê-lo, ao menos por enquanto, já que não tinham como negociar os contratos já vigentes.
Assim, os preços dos fretes ficaram defasados. “Mas há uma necessidade urgente de repasse desse custo”, avisa, lembrando que os valores já estão sendo renegociados em muitas empresas.
Marcas
Outro problema para as transportadoras, conta o executivo, ficou na parte operacional. Já que há menos produtos no mercado, a variedade de marcas e modelos à disposição também não é a mesma.
“Tem que comprar o que tem disponível. Assim, os caminhões viraram uma colcha de retalhos, usando pneus de duas ou três marcas ou modelos diferentes”, observa.
Nunes garante que o uso de modelos diferentes não compromete a segurança, mas diz que isso impacta diretamente no controle interno das empresas. Como cada modelo tem uma durabilidade diferente, a conferência da condição dos produtos tem que ser feita com maior frequência. “É mais um custo administrativo”, reclama.
FONTE: Paraná Online