As rodovias federais e estaduais que cortam Minas Gerais têm 7.224 km de estradas sem asfalto atualmente. O número corresponde a quase 27% da malha rodoviária que corta o Estado, que é de 26.951 km ao todo. A soma de estradas sem pavimento é maior que o trajeto que separa Belo Horizonte e Vitória, no Espírito Santo.
Para deixar toda a malha federal que corta o Estado pavimentada, seria necessário R$ 1,1 bilhão. No número de estradas de terra, 617 km são de rodovias federais, e os demais das estaduais.
O custo para asfaltar cada quilômetro de estrada federal é de, em média, R$ 1,8 milhão, segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Atualmente, os contratos vigentes no Estado para pavimentação das BRs não chegam à metade do necessário. Juntos, os valores integrais dos projetos são de R$ 500 milhões. O restante dos recursos não tem prazo para ser liberado.
O montante para asfaltar as MGs, no entanto, não pode ser calculado, já que o Governo do Estado não informa os valores gastos em cada quilômetro. A justificativa é de que cada rodovia pavimentada tem um custo, dependendo das características da estrada e da região, entre outros fatores. Os valores são definidos a partir do projeto de engenharia.
Entre os piores trechos sem pavimentação no Estado estão importantes rodovias, como a BR-356, entre Muriaé e Ervália (54 km), na zona da Mata; a BR-367, entre Almenara e Salto da Divisa (102,9 km), no Vale do Jequitinhonha; e a BR-352, entre Patos de Minas e Coromandel (99,3 km), no Alto Paranaíba.
Para piorar, a temporada de chuvas tem transformado em lama o que era poeira, e em cratera o que era buraco. Na BR-352, caminhões ficam atolados e viagens são interrompidas. De acordo com o Dnit, a manutenção da rodovia foi delegada ao DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
Não há projeto de licitação para a contratação das obras. Procurado, o DER afirmou que realiza rotineiramente serviços emergenciais de recuperação do trecho, com patrulhamento, escoamento das águas das chuvas e colocação de cascalho nos pontos críticos.
Na BR-367, a história se repete. A estrada federal que começa em Diamantina e termina em Santa Cruz Cabrália (BA) atravessa cidades do norte e nordeste de Minas, como Araçuaí, Itaobim, Jequitinhonha, Almenara, Jacinto e Salto da Divisa. A rodovia também passa por Porto Seguro, no litoral sul da Bahia.
Em muitos pontos, a estrada é de chão, principalmente nos 102,9 km entre os municípios de Jacinto e Salto da Divisa. O trecho de 49 km entre Almenara e Jacinto está inacabado desde 1989. Há quatro pontes de madeira na rodovia. A que passa pelo Rio Rubim, em Almenara, tem mais de 30 metros de extensão.
De acordo com o DER, foi assinado um convênio entre os governos federal e estadual para a elaboração do projeto de engenharia de pavimentação deste trecho. O órgão estadual preparou edital de licitação sob forma de minuta e encaminhou ao Dnit para aprovação. O mesmo está sendo analisado.
Prejuízo
Ao priorizar o sistema rodoviário para dar escoamento à maior parte da produção, o Estado perde percentual considerável de tudo o que é transportado. A precariedade das rodovias atrasam entregas e danificam produtos. O prejuízo chega diretamente ao bolso do consumidor, que acaba pagando mais caro pelos alimentos.
Uma pesquisa feita pelo Departamento de Transporte e Geotecnia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) coordenada pelo professor Diógenes Cortijo Costa, mostra que cerca de 30% da produção agrícola se perde por falta de condições adequadas de transporte. De acordo com o professor e coordenador Diógenes Cortijo Costa, na maioria das vezes são mercadorias perecíveis que se perdem em locais de difícil acesso e trajetos complicados.
“Nossa infraestrutura é o maior gargalo”.
Para o especialista em engenharia de tráfego Frederico Rodrigues, em um país onde o transporte é deficiente, e quase tudo é transportado por rodovias, o desenvolvimento socioeconômico fica prejudicado. Mas ele faz questão de dizer que é possível ter pavimentações de boa qualidade apenas com cascalho, mesmo em estradas de terra.
FONTE: Estradas.com.br