As montadoras de veículos nacionais pretendem discutir com o novo governo medidas para incentivar a exportação da indústria brasileira. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse nesta segunda-feira (8) que é preciso dar condições para que as fábricas do país recuperem sua competitividade no mercado global.
“O fundamental é criar as condições para que tenhamos competitividade”, disse ele, em entrevista coletiva concedida em São Paulo. “Sem dúvida nenhuma, você tem uma série de fatores [relacionados à competitividade] que, provavelmente, serão discutidos com o novo governo.”
Segundo Belini, as montadoras de veículos compõem um dos setores da indústria nacional que teve suas exportações mais prejudicadas pela desvalorização do dólar ante o real e pela retração de algumas economias causada pela crise de 2008. Essa queda das exportações, de acordo com ele, tem colaborado para um déficit na balança comercial do setor e preocupado a Anfavea. “Ligou nosso farol amarelo”, disse Belini.
Neste ano, por exemplo, 17,5% da produção de veículos do país são exportados. Em 2005, segundo a Anfavea, este percentual era de 30,7%. Já os veículos importados, em 2005, correspondiam a 5% dos carros vendidos no país. Atualmente, eles representam 19,5%. “Não somos contra a importação, mas queremos exportar mais”, afirmou o presidente da Anfavea.
Questionado sobre quais medidas seriam mais eficazes para o estímulo à exportação, Belini disse que o setor automotivo ainda avalia a questão. Ele afirmou, porém, que o plano para incentivo a exportações de produtos manufaturados deveria englobar medidas semelhantes às adotadas pelo governo federal no auge da crise de 2008 tais como redução de impostos e facilitação ao acesso de financiamentos.
Belini disse que o alto custo do crédito impacta no preço das autopeças, componente importante na fabricação dos veículos nacionais. Ele observou que, no Brasil, o preço do aço, principal matéria-prima do setor, está até 40% mais alto do que em outros países.
O crescimento das exportações, complementou Belini, seria importante não só para as empresas em si, mas também para a economia do país. Ele afirmou que as fábricas são algumas das grandes geradoras de emprego. Por isso, justifica-se o incentivo do governo. “Nós entendemos que a produção de manufaturados, que agrega valor e trabalho, é aquela que deve ter estímulo”, concluiu Belini.
FONTE: DCI