Facchini

Transportadores devem redobrar cuidados devido à redução da tolerância na balança a partir de 2011

Puxar a 5ª roda 10 centímetros para frente. Essa foi a solução dada pelo engenheiro Rubem Penteado de Melo a uma transportadora que pediu socorro a ele. Apesar de verificar o Peso Bruto Total (PBT) antes de colocar seus veículos na estrada, a empresa vinha recebendo uma série de multas por excesso de peso no eixo de tração do cavalo-mecânico, mas ao mesmo tempo tinha falta de carga no eixo dianteiro.
O exemplo foi apresentado pelo engenheiro durante curso realizado no último sábado (20), na Escola de Transportes, em São Paulo, do qual participaram 20 representantes de transportadoras. O tema do curso foram as novas legislações que vão impactar no transporte rodoviário de carga. Melo ressaltou que os cuidados com a balança devem ser redobrados a partir de 2011, quando a tolerância será reduzida de 7,5% para 5% do peso por eixo permitido por lei.
E brincou com os participantes, dizendo que o segredo para evitar problemas com a balança é encontrar o “ponto G”, ou seja, fazer coincidir o centro de gravidade da carga com o centro geométrico da carreta. Por meio de uma fórmula matemática, ele explicou como reduzir os riscos de multa por excesso de peso por eixo.  
Em outro exemplo dado por ele, uma carga indivisível acomodada de forma inadequada sobre a carreta (87 centímetros distante do local correto) resultou em excesso de 2.800 quilos na distribuição entre os eixos.
O engenheiro também chamou atenção para a necessidade de o transportador, antes de liberar o caminhão para o carregamento, pesar sua tara em “ordem de marcha”. “Isso significa colocar o veículo sobre a balança com o tanque de combustível cheio e o motorista na cabine. Pode parecer insignificante, mas não é. É uma providência importante que pode evitar multas.”
O diretor de Operações da Portal Carga, Helder Silva, calcula que a transportadora pague cerca de R$ 12 mil mensais em multas devido a excesso de peso por eixo. A principal rota da empresa é São Paulo/Pará, para onde leva carga fracionada. “São cinco balanças no trecho, mas normalmente o problema acontece em Tocantins.”
Silva, que participou do curso na Escola de Transporte, explica que a maior parte das carretas da empresa são baús de 15 metros. E que, para se adequar ao comprimento máximo permitido pela lei (18,6 m), normalmente as quintas-rodas são levadas para frente. “Vou verificar se o problema de excesso de peso em eixo não está relacionado com a posição da 5ª roda”, afirmou.
Já o gerente de Transporte da Excelsior, Luís Oliveira, disse que a empresa é multada em 10% de suas viagens por causa de excesso de peso por eixo. Transportando bobinas de Volta Redonda para São Paulo, os caminhões enfrentam problemas nas balanças de Rezende e Guararema. “O problema é que o embarcador não tem balança para pesar por eixos, só para o peso bruto total (conhecida como “balanção”). E eles não se importam muito. São multados e descontam o valor da multa do frete”, reclama.
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