Cerca de 200 motoristas autônomos e contratados aguardam na fila da empresa ADM, em Rondonópolis, para descarregarem suas cargas. A maioria já completou uma semana na espera e alguns estão há dez dias no local parados e sofrendo prejuízos. Os trabalhadores reivindicam mais agilidade para a carga e descarga dos caminhões e o pagamento das diárias de R$ 0,80 a tonelada a partir da 12ª hora de espera.
A assessoria de imprensa da multinacional justificou o atraso dizendo que houve um problema interno. Afirmou ainda que não há previsão para resolver o problema, mas que irá cumprir com o que prevê os contratos. Segundo os motoristas, a empresa propôs o pagamento de R$ 0,30 a tonelada a partir da 24ª hora de espera. No pátio da empresa onde os motoristas fecharam os portões para nenhum caminhão entrar mais, muitas famílias dos trabalhadores com crianças de colo aguardam o problema ser resolvido.
O movimento conta com o apoio do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de Mato Grosso (Sindicam), Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Fettremat) e Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrestres de Rondonópolis e Região (STTRR). Na noite desta quinta-feira (20), foi deliberada uma assembléia com a categoria para discussão dos problemas. “Estamos promovendo este manifesto hoje. Mas se a empresa resistir a atender a nossa pauta de reivindicação nós iremos parar qualquer transporte de cargas para a ADM”, diz Luis Gonçalves da Costa, presidente do STTRR.
Segundo o presidente do Sindicam/MT, Roberto Pessoa Costa, na última quarta-feira (19) foram realizadas duas reuniões com os representantes da empresa, mas não houve avanços nas negociações em defesa dos motoristas. “A reposta dos representantes da empresa em Rondonópolis é de que essa decisão sobre as diárias dos motoristas cabe aos diretores da empresa em São Paulo”, informa.
O sindicalista ressalta que o trabalhador é amparado pela Lei Federal 11.442 de 05 de janeiro de 2007, onde poderá aguardar até cinco horas para carregar ou descarregar. Após este tempo deverá receber adicional de R$ 1/tonelada a cada hora excedente. “Estamos solicitando bem menos do que é previsto em lei, ou seja, o pagamento das diárias de R$ 0,80/tonelada a partir da 12º hora de espera. E mesmo assim eles estão se negando. Chegaram até afirmarem para requerermos nossos direitos na Justiça, uma vez que sabem que para sair uma decisão judicial pode demorar anos”, lamenta.
O motorista Eduardo Domingues e sua esposa, Adriana Ramos, estão no local com dois filhos, um de dois anos e cincos meses e outro de oito anos, que residem na cidade de Maringá (PR). Eles relataram que nesta quinta-feira completaram oito dias de espera para descarregar o caminhão. Também da cidade de Maringá o motorista José Maria Vieira aguarda mais de uma semana no pátio da ADM. “Eles disseram que a demora é devido a problemas nos tombadores de cargas, porém, deveriam pelo menos descarregar os caminhões que não precisam de tombadores. Estamos sofrendo com falta alimentação saudável e condições de higiene neste pátio”, reclama José Maria.
FONTE: Olhar Direto