O grande número de variáveis que formam os custos das operações de transporte de cargas sempre foi o grande desafio das questões comerciais no setor. Em conversa com diversos empresários do transporte, pode-se constatar que a concorrência desleal e o aviltamento dos fretes são reclamações constantes e antigas.
Mas, com o crescente nível de exigência dos embarcadores e a progressiva profissionalização da atividade de transporte de cargas, cobrar barato do cliente é, cada vez mais, uma prática perigosa e questionável.
De acordo com Antonio Archilha, diretor da Argius Transportes, empresa especializada em cargas fracionadas e distribuição para o varejo, o setor de transporte rodoviário de cargas, no decorrer dos anos, passou por algumas dificuldades que acarretaram no aumento do preço cobrado pelo frete.
“Em 2008 nós estávamos bem, mas entramos no fim do ano com uma recessão mundial, o que se estendeu até outubro de 2009, ou seja, vimos um mercado totalmente parado. De um modo geral, as empresas não fizeram investimento. Já no final de 2009, o mercado deu um boom e pegou todos desprevenidos, inclusive o setor de transporte, que enfrentou dificuldades ao abastecer. Além disso, nós tivemos entre o final de 2009 e janeiro de 2010 um período com fortes chuvas, e também tivemos as marginais (Pinheiros e Tietê) em obras”, explica o executivo.
Apesar das adversidades enfrentadas nos últimos anos no setor, as transportadoras que no início de 2010 passaram a investir na própria infraestrutura vêm se recuperando da má fase promovida pela crise em partes, pois passam a enfrentar o pico sazonal de final de ano com a restrição de caminhões nos grandes centros do País, como as capitais São Paulo e Porto Alegre (RS).
“O custo do frete vem sendo cada vez mais alto para nós devido à dificuldade de entregar produtos em algumas regiões de grande visibilidade. Com isso, passamos a sentir uma intensa necessidade de fazer um preço diferenciado. As empresas têm que cobrar um preço justo, apesar de que eu ainda vejo certa defasagem na cobrança desses fretes. Mas aos poucos nós estamos nos recuperando, aos poucos o setor de transporte vem se administrando para atender essas necessidades de abastecimento dos grandes centros urbanos e com um frete justo”, afirma Archilha.
FONTE: Transporta Brasil