O Brasil padece por não ter uma política voltada ao transporte público. Historicamente, privilegia o individual em detrimento do coletivo. De fato, os investimentos destinados a facilitar a circulação do automóvel têm sido sete vezes maiores do que aqueles voltados ao transporte público.
Por não ter uma política de transporte público, vimos na última década o diesel subir três vezes mais que a gasolina, fazendo a tarifa duplicar de preço real em 20 anos (na década de 80, custava US$ 0,60/0,70). De janeiro de 2000 a fevereiro de 2010, enquanto a gasolina foi corrigida em 90%, o óleo diesel, usado no transporte coletivo, teve um aumento de 268%. Este item, que correspondia a 7% do custo da tarifa da década de 90, hoje representa 19%.
Um dos primeiros aumentos que tivemos em 2011 foi o do preço do diesel, que ficou 2% mais caro já no mês de janeiro. De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), o aumento é resultado do preço do biodiesel praticado no último leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A mistura é obrigatória desde 2008. No ano passado, o percentual passou de 4% para 5%. O litro do biodiesel puro, sem impostos, custa hoje quase o dobro do litro do diesel puro.
O reajuste vai pressionar um aumento nos produtos transportados via caminhão, e também os custos da tarifa do transporte público. O diesel é um dos itens que mais influenciam no custo do transporte público e, consequentemente, no preço da tarifa, como já mencionamos. A alternativa que temos é aprimorar cada vez mais os programas para economizar diesel e manter manutenção preventiva dos carros. Além disso, mantemos o Programa Zero Acidente com objetivo de incentivar os motoristas a evitar sinistros e a economizar.
O Movimento para o Direito ao Transporte (MDT) reivindica há dez anos uma redução de impostos – o governo fez isso para os carros e para as motos – e a adoção de uma política de transporte público. Até agora, não aconteceu nada. Talvez tenhamos de rezar e esperar pelo milagre que sensibilize o governo de Dilma.
FONTE: A Notícia