Facchini

“É preciso encontrar o ponto G do caminhão”

– Puxar a quinta-roda 10 centímetros para a frente. 
Essa foi a solução dada pelo engenheiro Rubem Penteado de Melo a uma transportadora que lhe pediu ajuda para descobrir por que seus caminhões, mesmo estando dentro dos limites de Peso Bruto Total (PBT), recebiam multas frequentes por excesso de peso no eixo de tração do cavalo mecânico, ao mesmo tempo em que ficavam longe do peso máximo no eixo dianteiro.
Melo deu esse exemplo para mostrar o grau de detalhes que é preciso levar em conta na hora de distribuir o peso da carga num caminhão, ainda mais quando se sabe que a Resolução 365, do Contran, vai reduzir a tolerância admitida de 7,5% para 5% por eixo, em 2012. 
Ele deu um curso sobre a questão do peso dos caminhões e das cargas na Escola de Transportes, em São Paulo, no dia 20 de novembro. De brincadeira, disse aos participantes que a carga também tem “ponto G”, e que é preciso saber encontrá-lo – aquele ponto em que o centro de gravidade da carga coincide com o centro geométrico da carreta. Por meio de uma fórmula matemática, Melo explicou como reduzir os riscos de multa por excesso de peso por eixo.
Em outro exemplo, uma carga indivisível acomodada de forma inadequada sobre a carreta (a 87 cm do local correto) resultou num excesso de 2.800 quilos na distribuição entre os eixos.
O engenheiro também chamou a atenção para a necessidade de pesar a tara do caminhão em “ordem de marcha” antes de liberar o veículo para carregamento. “Isso significa colocar o veículo na balança com o tanque de combustível cheio e o motorista na cabine. 
Pode parecer insignificante, mas não é. É uma providência importante que pode evitar multas”, afirmou. 
Quem gostou de conhecer esse tipo de informação foi o diretor de operações da Portal Cargas, Helder Silva, que assistiu ao curso. Ele calcula que a transportadora pague cerca de R$ 12 mil mensais em multas devido a excesso de peso por eixo. A principal rota da empresa é São Paulo–Pará. “São cinco balanças no trecho, mas normalmente o problema acontece em Tocantins.”
Silva explicou que a maior parte das carretas da empresa é de baús de 15 metros. E que, para se adequar ao comprimento máximo permitido pela lei (18,6 m), normalmente as quintas-rodas são levadas para a frente. “Vou verificar se o problema de excesso de peso em eixo não está relacionado com a posição da quinta-roda”, informou. 
Outro aluno aplicado foi Luís Oliveira, um dos gerentes da Transporte Excelsior. Ele disse que a empresa é multada por excesso de peso por eixo em 10% das viagens. Os caminhões levam bobinas de Volta Redonda para São Paulo. “O problema é que o embarcador não tem balança para pesar por eixo, só pelo peso bruto total (o ‘balanção’). E não se importa muito em pagar a multa também.”
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