Facchini

Exigências de lei elevam o preço do caminhão novo

O preço de um conjunto cavalo trator + bitrem, hoje em cerca de R$ 470 mil, vai passar de R$ 607 mil em 2014 (sem contar a inflação). Isto é, 30% a mais. Será esse o impacto financeiro de um conjunto de leis e resoluções que afetam o TRC, e que entrarão em vigor até lá, algumas já em 2011, outras mais tarde (veja quadro na pág. 12). Os 30% incluem a volta do IPI de 5% dos caminhões, que não foi cobrado nos últimos tempos. 
As exigências de cavalos com tração 6x4 para puxar bitrem e de protetor lateral para implementos são as primeiras novidades e vão significar 10% a mais no valor do cavalo trator e cerca de R$ 3.500 em cada carreta. Elas começam a valer já em 1º de janeiro de 2011. A partir de 1º de abril, as montadoras terão que entregar veículos novos com dispositivos antifurtos. Mais R$ 2.500 no preço do cavalo e em cada implemento – bitrens ou rodotrens terão três rastreadores obrigatórios.

Em 2012, será dado mais um passo para a redução da emissão de gases, com a introdução dos motores Euro 5, e os cavalos ficarão de 10% a 15% mais caros. Em 2013, 40% dos cavalos tratores e das carretas produzidas no Brasil terão de dispor de freios ABS. Finalmente, em 2014, todos os cavalos tratores e carretas (e não apenas 40%) terão que sair de fábrica com ABS instalado. 
As medidas visam o combate ao roubo de veículos e de carga, a redução de danos ao meio ambiente e, principalmente, o aumento da segurança no trânsito. Já são aplicadas há muitos anos na Europa e nos Estados Unidos, mas sua necessidade por aqui divide opiniões entre transportadores e até nas montadoras. 

A Carga Pesada ouviu várias fontes ligadas ao TRC e apresenta um painel dessas opiniões. 
O engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, diretor da Transtech Ivesur Brasil, de Curitiba, respeitado especialista em segurança no TRC, diz que os avanços tecnológicos previstos “são fundamentais para melhorar a eficiência e a segurança dos veículos de carga”. O Brasil está atrasado nesse aspecto, mas a forma gradual de colocar em prática as medidas previstas “é melhor que nada”.
De acordo com Melo, o freio ABS, que equipa os caminhões europeus desde os anos 90, reduziu os acidentes em até 10% em alguns países. 
Sobre a tração 6x4 para puxar bitrens, Melo afirma que também trará um ganho expressivo em segurança, porque haverá mais freio motor nos eixos, e reduzirá os danos no asfalto, onde os 6x2 deixam ondulações ao patinar nas trocas de marcha nas subidas.
O vice-presidente da Coopercarga, de Concórdia (SC), Osni Roman, também apoia as novas medidas, apesar do custo, “que terá de ser absorvido por todos: transportadores, embarcadores e consumidores”. 
Ele concorda que os cavalos 6x4 são mais adequados para puxar bitrens e, sobre os freios ABS, já equipam algumas carretas da Coopercarga. “Posso dizer que são muito mais seguros. Custam um pouco mais, mas vale a pena. Os semirreboques apresentam muito risco de L [derrapagem da carreta ao frear, formando um L em relação ao cavalo] e o ABS ajuda a evitá-lo.”
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