Após a crise financeira mundial de 2009, mês a mês a indústria automobilística vem registrando recordes em caminhões. De acordo com números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as vendas cresceram 41,6% no primeiro bimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010, passando de 17,7 mil para 25 mil unidades.
Um dos fatores que contribuem para o crescimento é o empenho da indústria em produzir caminhões sob medida - saem das fábricas adaptados para atender as múltiplas necessidades do transporte.
Atualmente, todas as montadoras instaladas no País possuem equipes - que envolvem de engenheiros a fornecedores - para desenvolver e oferecer caminhões que atendam as necessidades específicas com menor custo operacional, maior produtividade e longa duração.
"Há cerca de 25 anos, as modificações eram improvisadas por profissionais sem ligação com as montadoras", conta Renato Mastrobuono, diretor do Centro de Desenvolvimento de Produto da Iveco. "Com isso, clientes perdiam a garantia, pois muitas das transformações mexiam com a estrutura do caminhão", disse.
Segundo o executivo, a indústria percebeu que ela mesma poderia lucrar ao buscar atender as necessidades. Com isso, os clientes também passaram a exigir veículos vocacionados, que facilitem o seu cotidiano.
Um dos grandes exemplos deste tipo de caminhão customizado é o voltado para o transporte de bebidas ou o de lixo, que exige adaptações que dificilmente são aplicadas na linha de produção.
A Mercedes-Benz, por exemplo, projetou um veículo ideal para bebidas. Há quatro anos, lançou o 1718 FPN, modelo desenvolvido durante dois anos com participação dos principais transportadores de bebidas do Brasil, inclusive com uso de veículos de teste na aplicação real dos clientes.
"Procuramos customizar o caminhão para esse nicho, que buscava produto urbano, forte, simples e de baixo custo. O 1718 FPN oferece tudo isso", afirmou o gerente de vendas da Mercedes-Benz, Euclydes Ghedin.
Como já existia na grade outras modalidades, o FPN ganhou características rústicas para atender ao setor. Num veículo em que há constantes embarques e desembarques, a cabine tem de ser confortável, porém espartana. O painel é de fácil uso e visualização, assim como os materiais utilizados devem facilitar a limpeza, já que há intensivo uso diário.
Um caminhão que entrega bebidas - carga pesada - enfrenta obstáculos. Às vezes, é preciso abastecer um estabelecimento comercial que está no alto de um morro no Rio de Janeiro. A entrega não pode falhar.
Por isso, o motor eletrônico do 1718 FPN teve a potência e o torque ampliados para propiciar maior capacidade de subida.
Estima-se que atualmente 25% dos veículos médios e semipesados já saiam de fábrica com algum tipo de modificação. No segmento dos pesados, as mudanças são menores - cerca de 5%. No segmento dos leves, a costumização também está em torno dos 5%. A previsão é que todas as faixas dobrem o índice de adaptações nos próximos seis anos.
O Iveco Vertis NR, lançado no ano passado, é um exemplo de projeto já pensado - quase de forma modular - para atender aos diversos setores do transporte.
O caminhão oferece três opções de entreeixos para receber diferentes tipos de implementos. "Em mercado de aplicação variada, o segredo é a flexibilidade de utilização", disse Marcello Motta, responsável pela plataforma de caminhões leves e médios da Iveco Latin America.
FONTE: Diário do Grande ABC