Impedidos de entrar no Porto de Paranaguá devido à lotação máxima do pátio, motoristas de caminhões tiveram de estacionar no acostamento da BR-277 e formar uma fila que já passava de 30 quilômetros na noite de ontem. Para justificar o problema, que se repete a cada começo de ano, a administração do porto aponta uma série de motivos, como a época de safra do campo e o tempo chuvoso no litoral.
O caminhoneiro Pedro Clodoaldo Ribeiro da Silva, 40 anos, carregou seu caminhão com soja em Corbélia, Oeste do estado, rumo a Paranaguá, e prometeu à família voltar para casa o mais breve possível, mas encontrou uma grande fila de caminhões esperando o descarregamento no Porto de Paranaguá. No meio da tarde, ele já esperava por sete horas para chegar ao pátio de triagem. “Ainda estou a 18 quilômetros do pátio, e depois disso há uma longa espera até chegar ao navio”, comentou o caminhoneiro, que não está acostumado com longas esperas. Já informado sobre a demora, ele afirma que nenhum órgão responsável deu um parecer sobre a situação. “Desde o pedágio tento me informar sobre o porquê do atraso, mas ninguém até agora soube me responder”.
Com mais de 30 anos como caminhoneiro, José Carlos Schiochet, 54 anos, já esperava a enorme quantidade de veículos e veio preparado. “Já cheguei a ficar parado durante nove dias nessa serra”, comentou. Além da demora, ainda existe a preocupação com a segurança. “O policiamento, na maioria das vezes, é só para multar quando fazemos algo de errado. Temos de nos cuidar e evitar prejuízos depois de uma longa viagem”.
Causas
Segundo o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Aírton Vidal Maron, uma série de fatores causou a fila na estrada. A primeira delas é o clima chuvoso na cidade do porto. Quando chove, não é possível movimentar grãos para não estragar a carga, que leva até 30 dias na viagem até o destino. Com isso, a carga fica acumulada sem poder ser carregada no navio. Os atuais silos, que estão lotados, comportam 1,4 milhão de toneladas. Perguntado sobre a necessidade de ampliação da capacidade de armazenagem no porto, Maron disse que há projetos de investimento para isso, mas não datas.
Além da chuva, a grande safra nos campos do Paraná também é “responsável” pela fila. “Em janeiro, foram movimentadas 33,5% a mais de toneladas de cargas do que no mesmo mês do ano passado. Isso é reflexo das melhorias que fizemos, como a dragagem”, defendeu Maron. Por causa das obras realizadas, o volume médio esperado de embarque por navio neste ano é de 68 mil toneladas. Em 2010, o limite era de 57 mil toneladas.
Apesar de já haver fila, a safra está só no começo. Segundo a Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento, apenas 4% do milho e 5% da soja do Paraná tinham sido colhidos até o dia 21 de fevereiro – a média dos últimos três anos até essa data é de 14% e 19%, respectivamente.
Também ocorreu uma pane no sistema de cadastro on-line de caminhões, usado para a descarga em horário marcado. “O sistema gerencia o fluxo logístico dos veículos até o porto, estabelecendo quotas diárias de recebimento de caminhões e vagões para cada terminal e operador, para evitar filas”, explicou o chefe do Pátio de Triagem, Marcos Antonio Jorge Hauly. Com o problema técnico, muitos caminhões teriam chegado sem o cadastro. “Isso está atrasando o fluxo de entrada de caminhões no pátio. Nós não temos como garantir espaço para que eles desembarquem nos armazéns”, resumiu Hauly.
FONTE: Gazeta do Povo