Facchini

O vigilante rodoviário

Domingo passado, o programa de variedades “Fantástico” mostrou uma reportagem sobre uma equipe de jornalistas que viajou de caminhão da fronteira do Uruguai ao Rio Grande do Norte, por rodovias federais. Percorrendo mais de 10 mil quilômetros, eles constataram, além da precariedade das estradas, o entorno complexo, misto de aventura e perigos urbanos, que envolve a vida dos motoristas de caminhão. Drogas vendidas à vontade, com pagamento até por cartão de crédito, prostituição de adultos e crianças e a total ausência de policiamento ao longo de todo o trajeto.
Conforme a idade vai passando e pesando, são inevitáveis algumas comparações que acabamos fazendo com situações por nós vividas. Procuro não ficar resmungando que “no meu tempo tudo era muito melhor”. Não, muitas coisas hoje são bem melhores do que há 30, 40 anos. Mas outras são um retrocesso que só não é percebido por quem não conheceu.
Uma das questões que me chamam a atenção é justamente o policiamento das rodovias.
Pois é, eu sou do tempo em que, ao passar em frente a um posto de polícia rodoviária, os motoristas, sem exceção, diminuíam bem a velocidade, pois sabiam, quase com toda a certeza, que um ou mais patrulheiros estariam em frente ao posto ou no meio da estrada, vigiando e mandando encostar quando percebessem ou suspeitassem de qualquer irregularidade. Nós, motoristas, tínhamos respeito e nos sentíamos seguros, pois a atuação era ostensiva.
Quase toda semana eu trafego pela BR-101, principalmente em direção a Balneário Camboriú ou Florianópolis. Raríssimas vezes vi, nos últimos anos, algum funcionário dentro dos postos policiais rodoviários. Aliás, cheguei a ver uma carroça, andando a passo de burro – um perigo para os carros cada vez mais velozes –, trafegando próximo a um dos postos, sem nenhuma preocupação, pois não havia alguém para pará-la.
Será que a falta de contingente, como tem se manifestado o comando da instituição, não poderia ser atenuado com um gerenciamento melhor das escalas e plantões? Enfim, será que não há uma forma de percebermos mais a presença da figura respeitada e querida do patrulheiro rodoviário? Quem se lembra do “Vigilante Rodoviário”, série da TV dos anos 60? O patrulheiro Carlos e seu fiel cachorro Lobo impunham respeito. Que saudade!
FONTE: A Notícia
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