O município de Rio Preto onde aconteciam os roubos de caminhões e a produção de documentações irregulares de veículos que se estendiam a Volta Redonda e provocaram a Operação Esquema, realizada na última quinta-feira no Sul Fluminense e em Minas Gerais, é o paraíso dos veículos se forem considerados os dados do Denatram referentes a fevereiro de 2011. Rio Preto tem um caminhão registrado para cada 4,25 eleitores, enquanto em Goiânia - que tem uma das maiores frotas de caminhões do país, proporcionalmente à população, por causa do agronegócio - existem 34,97 eleitores para cada caminhão.
Rio Preto também conta com um número excepcionalmente alto de automóveis, se forem consideradas as estatísticas. Enquanto São Paulo tem 1,72 eleitores para cada automóvel, em Rio Preto ninguém com mais de 16 anos anda a pé, já que há 1,04 eleitor para cada carro.
Se a comparação for feita entre o número de automóveis - que já é excepcionalmente alto em Rio Preto - e o de caminhões, a cidade se destaca mais ainda.
Em Rio Vermelho, uma cidade de Minas Gerais com pouco mais que o dobro da população de Rio Preto, há 13,03 automóveis para cada caminhão. Em Rio Preto, há apenas 4,09 automóveis para cada caminhão.
Em São Paulo, são 36,32 automóveis para cada caminhão, enquanto no Rio são 53,13 em Goiânia, 20,68 e em Brasília 47,78.
Operação Esquema
Policiais civis de Minas Gerais estiveram em Volta Redonda, na quinta-feira, numa operação para desarticular uma quadrilha envolvida em roubos, vendas de caminhões e veículos com documentos adulterados.
A investigação começou a partir de uma série de roubos cometidos na BR-262, que liga Belo Horizonte a Vitória (ES), entre as cidades de Rio Castro e Abre Campo. A quadrilha, de acordo com policiais mineiros, se aproveitava do fato de que, até 1988, os veículos das Forças Armadas não constavam do Cadastro Nacional e falsificou então um documento em nome de um oficial militar autorizando o leilão de veículos.
Dessa forma, era possível inserir os caminhões roubados no sistema como sendo de propriedade das Forças Armadas. Após ter os chassis remarcados, os veículos eram vendidos. A documentação dos caminhões era preparada antes do roubo, o que determinava as características que o veículo deveria ter, preferencialmente caminhões da Mercedes Benz, da linha 1113.
Informações colhidas com um dos presos na primeira fase da operação detalharam a existência de uma espécie de "kit" (documentos, placas e lacre) que custava cerca de R$ 15 mil. Ainda de acordo com o delegado, esse fato caracteriza um crime militar. Por isso, os presos também devem responder a processo militar.
As investigações mostraram que a quadrilha tinha ramificações em Volta Redonda, inclusive dois funcionários do Detran (Departamento de Trânsito) de Rio Preto (MG) foram identificados como sendo os responsáveis pela emissão dos documentos falsos e já tiveram prisão autorizada pela Justiça, mas, segundo os delegados, ainda não foram presos porque forneceram endereços falsos. A polícia teve informação ontem de que eles moram em Volta Redonda e Valença, mas não foram localizados.
FONTE: Diário do Vale