O risco da queda de mais uma ponte na BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade, pode aumentar o transtorno para motoristas e passageiros que dependem da rodovia para se deslocar entre cidades mineiras do Vale do Aço, Rio Doce e Mucuri, entre outras, além dos litorais da Bahia e do Espírito Santo. O novo problema está no km 412, em Nova União, na Região Central, nos pilares da ponte sobre o Rio Vermelho, conforme informou nessa segunda-feira o presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros, José Natan Emídio Neto. Em documento interno do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o engenheiro supervisor do órgão em Minas, Alexandre de Oliveira, reconhece os problemas estruturais e afirma que as intervenções para recuperação estão em análise.
A queda da ponte sobre o Rio das Velhas, em Sabará, em 20 de abril, está gerando inúmeros transtornos, apesar da possibilidade dos desvios menores, por Santa Luzia e Caeté, para veículos de carga leve, já que os pesados têm que seguir pela BR-040 em direção ao Norte de Minas, ou pela BR-356 em direção a Mariana. “No caso de uma interdição em Nova União, os desvios menores deixam de existir, e todos terão de seguir por outros trechos, que vão aumentar em cerca 150 quilômetros as viagens”, alerta Natan Neto.
O sindicalista tomou conhecimento dos problemas na ponte localizada em Nova Aparecida, distrito de Nova União, a partir de denúncias feitas pelo prefeito da cidade, Moacir Barbosa de Figueiredo, durante audiência promovida pelo Dnit no dia 5, em São Gonçalo do Rio Abaixo. Na ocasião, Figueiredo apresentou fotos da base dos pilares aos técnicos do departamento.
A reunião tinha a finalidade de esclarecer o processo de licitação das obras de duplicação da rodovia, no trecho entre Roças Novas e São Gonçalo. De posse das informações, no dia seguinte à audiência, José Natan protocolou ofício destinado ao diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, em Brasília. A denúncia seguiu para a ouvidoria do departamento, que pediu explicações ao pessoal da superintendência regional em Minas.
Em resposta, o engenheiro Alexandre de Oliveira informou que “os problemas na ponte sobre o Rio Vermelho, em Nova União, já haviam sido identificados e a empresa projetista da duplicação da BR-381 está definindo as intervenções necessárias para recuperação dos problemas”. Procurado na noite dessa segunda, Oliveira não foi encontrado para falar sobre o novo problema.
Lentidão nas obras do km 454
Enquanto isso, as obras que vão permitir a instalação das duas pontes metálicas sobre o Rio das Velhas, no km 454, onde a estrutura cedeu no mês passado, seguem a passos lentos. E o Dnit já procura estender o prazo inicial de dois meses para que as ligações sejam liberadas. Enquanto em Pernambuco instalação de apoio semelhante levará menos de duas semanas, depois dos temporais no estado, em Minas, o departamento vinculado ao Ministério dos Transportes nem sequer se compromete em definir as datas para a montagem. “Não dá para falar em previsão. O cronograma ainda está sendo elaborado”, afirmou o engenheiro supervisor substituto do Dnit mineiro, Davidson Matos Carvalho. Semana que vem, deve começar a recuperação do asfalto dos desvios, desgastados pelo excesso de veículos.
A instalação das pontes provisórias é a ação mais esperada pelos motoristas que trafegam pela BR-381, enquanto a definitiva não é construída. O paliativo possibilitará que quase metade do fluxo diário volte a transitar pelo trecho, aliviando quem tem sido obrigado a mudar de rota e, em muitos casos, aumentar em mais de 100 quilômetros o percurso. O Exército aguarda que o Dnit entregue as cabeças de ponte, em concreto, para montar as passagens provisórias.
Nesta terça-feira, terá início a fundação para a construção da estrutura definitiva. A empresa contratada concluiu nessa segunda a demolição da antiga ponte. E é esperada para esta quarta-feira a chegada de maquinário importado da Alemanha, que possibilitará o início da fundação. O prazo inicial para que a estrutura defintiva esteja pronta é de seis meses.
Em relação à invasão de um terreno particular para a instalação do canteiro de obras, denunciada pelo proprietário, o caso foi repassado à procuradoria do Dnit. “Não se pode pensar em tudo antes de iniciar a obra. Vamos fazer o replantio do que foi danificado e reconstruir a cerca”, disse Davidson Carvalho.
Nova passarela para pedestres
Uma nova travessia melhorou a segurança de moradores que precisam atravessar o Rio das Velhas, na BR-381, no Bairro Borges, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde uma ponte interditada desde o dia 20 está sendo demolida, depois de ter comprometido um dos pilares centrais. A nova estrutura, de 40 metros de comprimento por dois metros de largura, sobre flutuadores de metal, tem composição mais robusta e não balança tanto quanto a antiga.
A passadeira que havia sido instalada às pressas pelo Exército tinha duas passagens, de apenas 40 centímetros de largura cada e chegou a ficar interditada durante uma manhã quando as águas subiram no local. Agora, a proteção lateral é feita com tubos de aço e braçadeiras. Segundo os engenheiros responsáveis pela obra, se o nível do rio subir a passarela acompanha com segurança, pois está presa a cabos de aço.
A inauguração da travessia estava prevista para domingo, mais foi adiada para as 7h dessa segunda. Às 8h13, tão logo chegaram guardas municipais de Sabará para fiscalizar e impedir o acesso de motocicletas, ela foi aberta. “Agora temos mais segurança, pois a outra era estreita e balançava muito”, disse o ator Valmir de Oliveira, de 44. Passageiros de ônibus recebem senha para fazer baldeação do outro lado do rio.
Antes de desmontar a passadeira de alumínio, que havia sido instalada sobre canoas, 18 militares do Exército de Itajubá, no Sul de Minas, se agruparam sobre ela para um registro fotográfico. O tenente Ricardo Otávio Ribeiro disse que policiais do Rio de Janeiro vão construir duas pontes metálicas para passagem de veículos de até 70 toneladas. “Estamos aguardando apenas o Dnit entregar as duas cabeças de ponte, feitas em concreto, para montagem das pontes provisórias”, informou o tenente.
FONTE: Estradas.com.br
