O mercado de encarroçadores de ônibus começou o ano apreensivo depois de ter alcançado um bom desempenho em 2010 , quando a produção do setor foi de 32.598 unidades ante as 24.893 do ano anterior, registrando um incremento de 30,9%. Os prognósticos de José Fernandes Antônio Martins, presidente do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), eram de que este segmento pudesse recuar de 4% a 6% neste ano. Contudo o que tem acontecido nestes primeiros meses do ano reflete uma realidade diferente à desenhada no fim do ano passado.
No primeiro trimestre deste ano, as empresas associadas da Fabus (Associação Nacional de Fabricantes de Ônibus) produziram 7.696 unidades, um número 6% maior ao resultado alcançado em 2010, quando esta soma foi de 7.255. Marcas como Marcopolo e Comil ascenderam em produção e vendas contrariando as perspectivas para 2011.
A Comil, por exemplo, expandiu suas vendas em 15% no acumulado deste ano – janeiro a abril – em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, a perspectiva é de que esse percentual dobre no segundo semestre. Já a Marcopolo, no primeiro trimestre, produziu 6.852 unidades, em todo o mundo, movimentando R$ 761,3 milhões e apresentando um crescimento de 12%.
Para Carlos Zignani, diretor de relações com os investidores da Marcopolo, as prospecções do ano passado em relação a 2011 não aconteceram por uma série de fatores, que vão da prorrogação da linha de crédito para financiamento de máquinas e equipamentos pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) até um começo de governo tranquilo da presidente Dilma Rousseff. “Na época (em que foi feito o prognóstico) se levava em consideração a queda do Finame PSI. E em relação ao começo de governo, qualquer indivíduo fica apreensivo com o início de um novo ciclo”, afirmou.
A Comil, no entanto, sempre esteve otimista em relação ao desempenho deste ano. “A nossa empresa, em todo momento, trabalhou com uma expectativa favorável para 2011. Esperava-se a prorrogação do FINAME PSI , o que ocorreu em abril e ainda há a expectativa do leilão das linhas interestaduais e internacionais pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o que vai aumentar a demanda por produtos rodoviários”, afirmou Rodrigo Montini, Gerente de Pós Venda e Marketing da fabricante.
Na mesma linha dos executivos, Martins afirmou que suas próprias prospecções haviam sido cautelosas e miravam um cenário diferente ao que está sendo apresentado. “O motivo do crescimento das empresas, ao contrário do que prevíamos, é por uma razão muito simples: nosso prognóstico era muito conservador porque não sabíamos que o PSI seria prorrogado”
O executivo ainda completou dizendo que o recuo era previsto para o ano, não somente para o primeiro quadrimestre, mas o prolongamento da linha de crédito normalizou o mercado em relação ao crescimento do PIB, assim a ascensão do setor internamente foi de 5,9% no acumulado do ano.
Outra razão que alavanca o setor, segundo os executivos, é a nova tecnologia Euro 5, para motores menos poluentes, que passam a ser comercializados para todos os veículos a diesel a partir de janeiro de 2012. O diretor afirmou que esta novidade é mais cara do que o equipamento usado hoje, Euro 3, e por isso as companhias de ônibus poderiam adiantar as compras do ano que vem para 2011.
Previsão para 2012
Se havia um pessimismo maior em relação a este ano, que acabou não se concretizando, o que será de 2012 com uma tecnologia mais cara chegando ao mercado e com o fim do Finame PSI? Para Zignani não há motivo de preocupação neste sentido, pois outras formas de empréstimo estão quase similares à linha de crédito especial oferecida pelo BNDES, além disso, as marcas ainda poderão comercializar a produção em estoque do Euro 3 no ano que vem, que também é período de eleições municipais, o que deve impulsionar as vendas de ônibus urbanos.