Facchini

Perfil rodoviário no BR é histórico

No Brasil, 58% do transporte são feitos por meio de rodovias, 25% por ferrovias e apenas 8% por hidrovias, se forem excluídos os carregamentos de commodities, a percentagem do uso de caminhões sobe para 88%, enquanto a utilização de ferrovias decresce para 10% e hidrovias para 2%. A logística brasileira depende muito mais do modal rodoviário que as operações chinesas e russas, de nações também em desenvolvimento, onde respectivamente as atividades rodoviárias representam 50% e 8% do transporte feito por lá.
Segundo Ricardo Melchiori, coordenador da Câmara Técnica da Logística da NTC, as características de transporte de cada país são fruto de sua formação histórica e geográfica. O executivo exemplifica isso analisando que a maior concentração econômica brasileira está muito próxima a costa, de acordo com ele, 55% do PIB nacional estão restritos a até 100 quilômetros do litoral, se esta fatia for maior, de 400 quilômetros, o percentual sobe para 80%. “Isto é uma possível explicação da preferência pelo transporte rodoviário, mais eficiente em menores distâncias”, afirma.

Outras características também contribuíram para que houvesse essa predominância de rodovias. Durante um período, na época de ditadura militar e principalmente no governo Sarney, a economia brasileira tinha um índice inflacionário muito alto, a ponto da cotação das mercadorias variarem diariamente, isso fazia com que os produtores optassem por um transporte mais rápido para que esta instabilidade não os prejudicassem tanto.
Além disso, segundo Melchiori, apesar de mais caro em longas distâncias que navios e trens, o caminhão é mais flexível que os outros dois modais, uma vez que para o transporte ferroviário é necessário que haja uma infraestrutura como linha, estações e terminais, o mesmo acontecendo com hidrovias, pela necessidade de rios navegáveis, portos e armazéns, enquanto que para o rodoviário estas estruturas são mais simples.
No entanto, o executivo salienta que o Brasil precisa a começar investir em outras modalidades de transporte e fugir um pouco do estigma de ser um País essencialmente rodoviário. Neste aspecto a cabotagem poderia ser uma alternativa mais viável para escoamentos mais distantes.
Melchiori também defende que a intermodalidade deva ser incentivada, para isso ele argumenta que o Governo tem que rever a tributação, pois muitas vezes a mercadoria é tributada mais de uma vez ao longo da cadeia logística, o que enfraquece a busca do produto por mais de uma modalidade de transporte.
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