Facchini

SC: estado de alerta para caminhoneiros

287 ocorrências de roubos de cargas já foram registradas neste ano em Santa Catarina; o saldo foi averiguado em um levantamento realizado pela Fetrancesc (Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de Santa Catarina), junto às delegacias da Polícia Civil, que considerou o período entre o primeiro dia do ano até a última quinta-feira, 9 de junho.
De acordo com a federação, o número de crimes contra os caminhoneiros tiveram um incremento de 51%, se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 287 roubos.
Pedro Lopes, presidente da Festrancesc, afirmou que o fato preocupa os transportadores no Estado. Segundo ele, antes as ações estavam concentradas em algumas regiões, “agora foram pulverizadas por todo o Estado”, lamentou.
No entanto, Itajaí, Joinville, Florianópolis, Blumenau e Balneário Camboriú ainda estão no topo do ranking de cidades catarinenses com o maior número de crimes. O estudo da federação revelou que os produtos mais visados pelos assaltantes são: derivados de petróleo, químicos, veículos, gêneros alimentícios, materiais de construção, cigarros, eletrônicos e eletrodomésticos.

Solução
Há pouco mais de dois meses, em uma operação conjunta, a Polícia Militar, Civil e Rodoviária Federal de Santa Catarina e a Polícia Civil do Paraná prenderam uma quadrilha de roubo de caminhões de cargas que atuava desde 2010 na BR 153, entre Concórdia e Irani, no Oeste do Estado catarinense.
O grupo, formado por seis integrantes, rendia os caminhoneiros e levava os veículos para locais onde podiam adulterar os chassis para clonagem; as mercadorias eram revendidas.
Lopes acredita que o trabalho em conjunto pode combater o problema, mas defende com ênfase a criação de uma delegacia específica para esse tipo de roubo. “Continuamos lutando pela criação da delegacia do roubo de cargas. Queremos também um acompanhamento mais de perto por parte da Secretaria de Segurança Pública e a atuação nacional da Polícia Federal sobre o assunto”, salienta.
Ainda segundo o presidente da Festrancesc a regulamentação da Lei Negromonte, esperada pelos transportadores há cinco anos, poderia resolver a questão. A lei foi sancionada em 2006, e permite a criação de um sistema nacional de prevenção, fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos. Desta forma, policiais e órgãos fazendários federais e estaduais poderiam agir por meio da criação de um banco de dados. A norma também torna obrigatória a descrição, na nota fiscal, do lote e da unidade do produto transportado, entre outras ações.
“Deveríamos ter uma lei como na Argentina, que reduziu drasticamente a incidência de casos. Lá, o estabelecimento que estiver vendendo produtos com registro de roubo ou furto, além da apreensão da mercadoria, perde o registro do estabelecimento”, observa Lopes.
Em 2010, uma estimativa da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística apontou que o prejuízo com extravios de cargas nas estradas brasileiras chegaram a aproximadamente R$ 700 milhões. “Esse crime prejudica não só as empresas. O Estado tem cada vez mais prejuízo com carga roubada, é imposto que deixa de ser pago”, ressalta Lopes.
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