Mesmo com o risco de acidentes na ponte provisória do rio das Velhas, na BR-381, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) liberaram ontem o tráfego de carretas no local. A decisão foi tomada depois que 200 caminhoneiros bloquearam a rodovia por 14 horas. Eles protestavam contra a restrição na rodovia, em vigor desde abril. O congestionamento chegou a 6 km nos dois sentidos da estrada, na altura de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O assessor de imprensa da PRF, inspetor Aristides Júnior, reconhece que há risco de acidentes, já que muitas carretas rodam acima de 60 t, peso máximo que a estrutura da ponte suporta. Os caminhões do tipo bitrem e rodotrem vazios também passaram a ter acesso à ponte. "As carretas podem rodar até 60 t. O problema é que os caminhoneiros trafegam acima desse limite. A nota fiscal pode constar 60 t, mas muitos burlam isso. Nesse caso, haveria risco de a ponte ceder, sim, por exemplo, por causa da sobrecarga", diz. O Dnit nega que haja perigo.
O engenheiro civil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Hélvio Piancastelli demonstra preocupação com a liberação do trafego. "Uma ponte projetada para aguentar 60 t costuma suportar um pouco mais, talvez 65 t. No entanto, essa é uma estrutura provisória e a reserva de segurança costuma não ser a mesma da definitiva. Também pode haver risco se duas carretas passarem juntas e a soma do peso for superior a 60 t", explica o especialista.
Segundo o Dnit, a ponte tem 50 m. O órgão garantiu que, até o fim da próxima semana, irá instalar uma balança em cada sentido da rodovia.
Transtornos
A negociação antes da liberação da BR-381 foi longa. O resultado de 14 horas de interdição foi muito transtorno para quem precisava passar pela rodovia. Edson Garcia, um dos manifestantes, diz que a insatisfação dos caminhoneiros que estão proibidos de rodar no local desde 20 de abril, quando a ponte cedeu, chegou ao limite. "Não dava mais para continuar. O transtorno é enorme. Temos o direito de ir e vir", afirma.
O encarregado Oswaldo Gomes não conseguiu pegar o ônibus em Santa Luzia, na região metropolitana, para chegar ao trabalho, na capital. "Esperei três horas. Liguei na empresa e avisei que iria faltar", conta.
O trânsito da 381, na altura de Sabará, no sentido de Belo Horizonte, voltou a ficar lento na noite de ontem. Em um grave acidente, um motoqueiro de 24 anos morreu ao ser atingido por uma carreta.
FONTE: O Tempo