Facchini


Transportadores temem o atraso das obras da BR-448


A necessidade do reassentamento de aproximadamente 500 famílias no município de Canoas e a paralisação de canteiros de obras em Porto Alegre podem atrasar as obras da rodovia BR-448. O receio é compartilhado entre a Vice-Presidência Regional Vale do Sinos da Federasul e o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs).
A presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (CICS) e vice-presidente regional da Federasul, Simone Diefenthaeler Leite, afirma que, até alguns dias, os empresários da região estavam satisfeitos com o andamento das obras. No entanto, no momento a preocupação concentra-se na remoção das famílias instaladas no traçado da futura rodovia. Simone estranha o fato de que não havia um planejamento antecipado para o deslocamento dessas pessoas. "Agora, comenta-se que ainda vai ser feita a licitação para a construção das casas para realocar esses cidadãos", diz.
A dirigente relata que a prefeitura de Canoas propôs assumir a implementação das residências através de um repasse de R$ 30 milhões por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). 
Entretanto, pareceres da Advocacia-Geral da União (AGU) desaconselharam o Dnit a realizar esse procedimento. "Aí surgiu, dentro desses boatos de corrupção e de desvios de recursos (na pasta de Transportes do governo federal), essa situação", lamenta Simone. Ela lembra que o Dnit não teria como atividade fim a construção de casas. Por isso, o receio da dirigente é que a obra atrase devido a um longo processo licitatório. Simone teme que as complicações possam adiar a finalização da rodovia em até dois anos. 
O cronograma atual do Dnit prevê a conclusão do complexo, que consiste na construção de pista dupla entre Sapucaia e Porto Alegre (22 quilômetros), até dezembro de 2013. As obras de implantação e pavimentação rodoviária da BR-448, no contrato de licitação, estão estimadas em cerca de R$ 824 milhões. Esse valor ainda será acrescido devido a custos de supervisão, fiscalização, gestão ambiental, entre outras obrigações que envolvem a iniciativa.
Simone defende que, se há denúncias de corrupção, sejam feitas as averiguações e punidos os culpados, mas que a população da Região Metropolitana não seja prejudicada. Ela critica ainda o fato de que a situação da BR-448 está tornando-se um debate político. Atualmente, as obras, na área de Canoas, são conduzidas normalmente, porém Simone prevê que, se não houver a solução quanto ao deslocamento das pessoas, as ações serão interrompidas nesse segundo semestre.
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, também manifesta ansiedade quanto a uma eventual paralisação. Ele detalha que a partir de agosto as famílias teriam que ser deslocadas para uma vila de passagem, que está sendo terminada pelas empresas vencedoras da licitação da BR-448. Porém, para que isso seja feito, é preciso ter a garantia de que as residências permanentes, que levarão em torno de um ano para serem construídas, sairão do papel. Para tanto, é necessária a confirmação do repasse de recursos do governo federal. Jorge sustenta que essa medida é de responsabilidade do Dnit e não do Ministério das Cidades, por não se tratar de um problema habitacional, mas a consequência da implementação de uma estrada. A Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) deve marcar para a próxima semana uma reunião, em Brasília, com representantes dos ministérios do Transporte, Planejamento e de Relações Institucionais.
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