Acidentes envolvendo caminhões e ônibus são potencialmente mais perigosos e vêm ocorrendo com frequência nas estradas cearenses. Ambos são veículos pesados, de grandes dimensões, e provocam um impacto maior quando ocorre uma colisão ou tombamento. No caso dos ônibus, o risco de mortes é ainda maior, por conta do número de passageiros transportados a cada viagem.
Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que os acidentes envolvendo ônibus e caminhões correspondem a 36,26% das ocorrências em rodovias federais em 2010. Foram 1.371 acidentes, com 239 feridos e 36 mortos.
Até o fechamento da edição, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) não forneceu o número de acidentes nas rodovias estaduais neste ano.
Manutenção
Além da perícia dos motoristas e das condições das estradas, a falta de manutenção dos ônibus pode concorrer para a ocorrência de acidentes. Foi o que aconteceu no último domingo, quando um ônibus tombou na BR-222 matando sete pessoas em Tianguá.
Testemunhas, que vinham do Piauí para um passeio em Fortaleza, dizem que o motorista gritou que o veículo estava sem freios. Na estrada, a aparência externa do ônibus indicava mau estado de conservação.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pelo transporte de passageiros interestadual, disse que o veículo em questão era cadastrado junto ao órgão como veículo autorizatório (que realiza serviço eventual de transporte). Além disso, tinha autorização para realizar a viagem entre Teresina e Fortaleza.
Mas para ter permissão para trafegar, o veículo deve portar um Laudo de Inspeção Técnica (LIT), que tem validade de um ano. Ou seja, não há controle se são feitas manutenções antes ou depois de cada viagem. Outro problema é que a legislação da ANTT, herdada do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dner), não prevê limite para a vida útil do veículo e sua respectiva troca.
O coordenador substituto da Unidade Regional do Ceará da ANTT, Washington Marinho, acrescentou que as fiscalizações buscam coibir tanto a circulação de veículos sem manutenção em dia quanto os veículos que realizam transporte clandestino. Em ambos os casos, há a retenção do veículo.
Intermunicipal
Todos os dias, cerca de 300 veículos fazem o transporte de passageiros no Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé. Para garantir a segurança do transporte de linha regular e complementar (por meio de vans) intermunicipal, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) garante realizar vistorias nos veículos a cada chegada ou partida do terminal.
Segundo a gerente do Núcleo de Fiscalização de Transporte do Detran, Auxiliadora Abraão, além de checar se a documentação do motorista e do veículo estão em dia, os agentes verificam as condições de limpeza e conforto do veículo, além da parte mecânica, elétrica e condição dos pneus.
Caso seja constatada irregularidade, o veículo fica retido na garagem. O setor responsável não informou, ontem, quantos veículos foram flagrados em más condições.