A BR-364 tem dois trechos em Rondônia que foram listados entre os piores do País, segundo o Guia Estradas 2012, fonte de referência para quem viaja pelo País ou se desloca nas grandes cidades brasileiras. A parte que liga Cacoal a Presidente Médici é considerada a sétima pior do Brasil e o trecho entre Ji-Paraná e Ouro Preto D’Oeste, ocupa a oitava posição no ranking. Rondônia é um dos únicos Estados brasileiros, junto com Piauí e Ceará, que aumentou a extensão de quilômetros em situação precária, segundo a publicação. A edição anterior do guia apontava 37 quilômetros de vias consideradas ruins, na atual aparecem 42, e com eles, os acidentes com vítimas fatais.
Entre Ji-Paraná e Ouro Preto a realidade também não é diferente. Embora a sinalização esteja melhor, o desnível é um dos principais problemas.
Na década de 80, quando foi inaugurada, a BR-364 recebia manutenção paliativa pelo então Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Atualmente, o serviço é feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit).“Hoje nós temos um contrato de manutenção e conservação, enquanto a restauração não sai, que é um anseio da comunidade, esta é uma solução que tecnicamente é a mais recomendável. Nós estamos fazendo o serviço de tapa-buraco, remendo, recomposição da malha e limpeza do dispositivo de drenagem, principalmente no trecho que abrange Cacoal e Presidente Médici, esse sempre foi problemático para nós”, afirma Felix Junior Alves, engenheiro do Dnit.
Má-conservação causa 90% dos acidentes
Segundo o Guia Estradas, a região Norte apresenta três vias dentre as 10 piores do Brasil. Além da 364, está a PA-150, no trecho que liga Eldorado dos Carajás (PA) a Rio Maria.
O levantamento em 250 quilômetros dos principais troncos viários do Brasil avalia a qualidade da pavimentação, quantidade de buracos e serviços oferecidos pelo mantenedor das estradas. “Para nós da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é uma situação preocupante. A rodovia não conservada provoca não somente acidentes, mas desgaste social e econômico para o Estado. Hoje 90% dos acidentes e 6% das fatalidades são atribuídas à má-conservação das rodovias. Enquanto não houver uma recuperação da BR-364, estaremos contabilizando um crescente numero de acidentes”, alerta Ivan Zózimo, chefe da segunda delegacia da PRF.
O trecho de Cacoal a Outro Preto de D’Oeste é de 142 quilômetros e registrou entre 2010 e 2011 cerca de 290 acidentes com 25 mortes. Somados aos que estão na jurisdição da segunda Delegacia da PRF foram 921 acidentes no ano passado, contra 673 esse ano.
“O bom era se não houvesse mortes e acidentes, mas a realidade é diferente. Enquanto a rodovia não for recuperada e os condutores não respeitarem a sinalização vidas serão perdidas todos os dias. Infelizmente acabei de chegar de Goiânia, e deparei com vários acidentes. Viajo há 36 anos e não consigo lembrar o dia em que vi esse trecho de Cacoal e Médici, recuperado”, lamentou o motorista profissional Sebastião Rodrigues.
Caminhoneiro há 30 anos, Sebastião passa mais tempo em viagem do que na própria casa. Da boleia de sua carreta já presenciou acidentes e mortes ao longo das rodovias Federais. “Já perdi amigos em acidentes e já presenciei muitos nesses anos de profissão. Houve um tempo que só nesse trecho de Ji-Paraná a Ouro Preto deparei com seis acidentes. Fiquei alguns meses fora, voltei e a situação está do mesmo jeito, é por isso que morre tanta gente, não recuperam a BR”, avalia Sebastião.
Antônio Bezerra também viaja pelo Brasil inteiro e não tem elogios para a BR-364. “Pra mim a pior parte é a largura da pista, porque meu caminhão é grande, então na hora de ultrapassar fica até perigoso, né”, comenta. O caminhoneiro afirmou ainda que a estrada não é a pior que já passou, porém fica entre as piores. “Olha se eu fosse estacionar aqui era complicado, porque não tem acostamento, enfim, tem vários problemas na rodovia, a gente fica com o coração na mão”.
Falta de sinalização dificuta tráfego
O empresário Hériton Garcia Câmara, gerente de uma rede de Lojas de Cacoal e Ji-Paraná, percorre o trecho diariamente. Segundo ele, a falta de sinalização dificulta a trafegabilidade na BR. Além disso, é grande o número de animais na pista, há duas semanas ele teve a lateral esquerda do carro amassada por uma paca. O conserto deve ficar em torno de R$ 2 mil. “O trecho realmente é trecho perigoso, eles consertam de vez em quando, daqui a pouco volta a buraqueira”, disse.
O empresário citou ainda a falta de sinalização um dos pontos que torna a rodovia mais perigosa. “Parte desta rodovia está sem sinalização o que dificulta ainda mais”, observou. Além de ser pouco sinalizada, o trecho entre Cacoal e Presidente Médici também não tem pontos de referência como postos de gasolina, lanchonetes ou qualquer outro ponto, caso o motorista necessite de ajuda, com isso a estrada fica ainda mais perigosa.
As piores do Brasil
1º - BR-235 - Remanso à divisa BA/PI – BA
2º - PA-150 - Eldorado dos Carajás a Rio Maria – PA
3º - BR-116 - Icó a Jaguaribe – CE
4º - PI-140 - Itaueira a Dirceu Arcoverde – PI
5º - BR-497 - Campina Verde a Prata – MG
6º - MT-407 - Anel Viário de Cuiabá – MT
7º - BR-364 - Cacoal a Presidente Médici – RO
8º - BR-364 - Ji-Paraná a Ouro Preto do Oeste – RO
9º - BA-160 - Paratinga a Ibotirama – BA
10º - BR-407 - Capim Grosso a São José do Jacuípe – BA
FONTE: Diário da Amazônia