No final de outubro, o governador do Acre, Tião Viana anunciou oficialmente que a BR-364, rodovia que liga todas as regiões do Estado, não irá mais ser fechada durante o período do inverno.
Ao longo de 43 anos, a estrada foi sinônimo de problemas durante o inverno acreano, período de muita chuva. Por conta da geografia local e da falta de infraestrutura, trafegar pela rodovia era impraticável, e, por isso, ela permanecia fechada, ilhando por quase seis meses praticamente a metade do Estado.
Com todos esses entraves, o abastecimento desta região era complexo e bastante oneroso. A entrega dos produtos só podia ser realizada por meio aéreo ou fluvial, o que elevava demais o valor do produto. O quilo do tomate, por exemplo, chegava a custar R$ 8,00 no inverno. Já no verão, o preço caía para R$ 2,30.
Caminhões pesados tiveram até o dia 25/10 para transportar mercadorias até Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade acreana, e até o dia 30/10 para retornar pela BR-364. Desde 1/11, está permitida na BR-364 o tráfego de carros leves, ônibus e veículos com peso bruto total de sete toneladas, que corresponde a um caminhão 3/4 com quatro toneladas de carga.
O governo do Acre chegou a sugerir aos transportadores de cargas que montassem uma base logística na cidade de Feijó para fazer o cross docking das cargas.
“Os caminhões menores cruzam o trecho, que não poderá ser atravessado por veículos muito pesados. Essa é uma alternativa para não atrapalhar o abastecimento, e a medida é necessária para que a gente garanta a conclusão da obra no próximo ano e preserve a trafegabilidade na estrada durante todo o período”, disse o diretor do Deracre (Departamento de Estradas de Rodagem do Acre), Marcus Alexandre.
Segundo o empresário Jardel Pires, da Transpacífico, transportadora especializada em operações na região Norte, haverá uma melhoria muito significativa para o consumidor local e para a região em si. “Isso também vai nos beneficiar nos acordos com os clientes de São Paulo, porque é muito difícil eles entenderem esta logística. Porque, dependendo do momento, você tinha duas tarifas. Durante três meses era uma tarifa, e nos outros nove meses do ano era outra tarifa, que juntava a rodoviária e aérea. Agora a gente pode trabalhar com uma única conta para o ano inteiro. E vai ficar mais fácil até no âmbito comercial”, diz Jardel.
Jardel ainda fala da questão dos preços. “Agora com certeza vão cair. Não tem mais desculpas para o comerciante, porque não tem mais a alta do frete, então a diferença não pode ser tão grande como sempre foi”, conta o empresário amazonense.
A BR-364 é considerada uma das estradas federais que oferecem maior risco à vida dos usuários. O trecho da rodovia que passa por obras tem 792 km de extensão total dentro do Acre. A última cidade do trecho é Cruzeiro do Sul.
Nos últimos quatro anos foram investidos R$ 1,1 bilhão na BR-364. Neste ano os investimentos foram de aproximadamente R$ 300 milhões.
FONTE: Transporta Brasil