Facchini

Mercado em expansão do País atrai investimentos da indústria global de caminhões


Estabilidade econômica, uma sólida política financeira e um mercado consumidor sedento por novidades tecnológicas e movido pelas inúmeras possibilidades de negócios voltados especialmente para o setor de transporte. Com esse cenário atraente, as novas fabricantes de caminhões fizeram sua estreia no Brasil na última Fenatran afirmando que chegam com a intenção de trazer investimentos para permanecer em definitivo no País.

O momento não poderia ser mais promissor: segundo os últimos dados da Anfavea (Associação das Fabricantes de Veículos), as vendas de caminhões entre janeiro e outubro de 2011 já somam 143.800 unidades. No final do ano, essas cifras poderão chegar a 150.000. Um desempenho que estimula projeções de números em dobro nos próximos 10 anos, feitos por executivos de montadoras que já atuam no Brasil e por quem está chegando agora.


DAF
Em outubro, o Grupo Paccar anunciou o investimento de US$ 200 milhões para a construção da fábrica da marca holandesa DAF em Ponta Grossa, no Estado do Paraná. O grupo também atua na América da Norte com as marcas de caminhões Kenworth e Peterbilt.
Ainda não há informações conclusivas se haverá importação de caminhões, pois a empresa foca na produção interna com a nacionalização necessária para se ver livre de obstáculos tributários como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), cuja alíquota de 30% passará a vigorar em 2012.
“A DAF terá um incremento muito forte de conteúdo local no primeiro ano de operação da fábrica. Teremos muitos fornecedores brasileiros. A cabine será Usiminas, a caixa de transmissão da ZF Sachs, eixos por Meritor e a suspensão por Suspensys. Vamos começar com um índice entre 50% e 60% de nacionalização”, disse Marco Antonio Davila, presidente da DAF Caminhões Brasil.
“Temos uma previsão inicial de vendas de mil unidades por ano. Iniciar uma companhia não é fácil, e o mercado tem que ser convencido a trocar de marca, por isso nossas cifras conservadoras”, acrescentou o executivo.
Quando perguntado sobre metas de Market Share (Participação no Mercado), Davila não se fez de rogado e exemplificou com as conquistas da Paccar mundo afora: “Na América do Norte (onde atuam a Kenworth e a Peterbilt), temos mais de 26% do mercado. No México (Kenworth), temos 55% de Market Share. Na Europa, a DAF tem 15,3%, e está crescendo com o objetivo de obter 20%. E planejamos ir para Rússia e África. A Paccar é muito agressiva, e gosta de estar entre os primeiros 10 lugares. Sempre”.
E por que chegar agora no Brasil? “Há 10 anos, a economia brasileira oferecia riscos aos investimentos, e a Paccar é uma empresa conservadora. Mas agora a economia do Brasil, inserida no BRIC (Sigla de Brasil-Rússia-Índia-China, países emergentes no quadro econômico e político do mundo), com um sistema financeiro sólido e um crescimento de uma classe média muito forte, enfim, tudo isso nos atraiu”, analisa Davila.
Shacman 
O aumento do IPI foi uma surpresa desagradável para empresas novas que começam suas operações com a importação de produtos. No caso da Shacman, essa medida esfriou os planos de investimento, principalmente o início da construção de sua primeira fábrica no Brasil.
“No meio do processo de implantação, veio o aumento do IPI. É claro que há alterações no planejamento de qualquer empresa. Foi alegado pelo governo federal que isso se tratou apenas de uma proteção à indústria brasileira, e não de uma barreira aos estrangeiros. O governo acena com uma regra de transição para aqueles que querem produzir no Brasil. E estamos esperando que essas regras sejam postas, para redefinirmos nosso planejamento”, falou Rodrigo Teixeira, Diretor Executivo da fabricante chinesa.
“A decisão de produzir e construir no Brasil está tomada. Isso (Aumento do IPI) não afetou, principalmente, o respeito dos nossos investidores pelo mercado brasileiro”, diz Teixeira.

Players não muito novos, mas cheios de planos
Na última Fenatran, a Sinotruk Brasil deixou claro que o IPI antecipou a decisão de montar uma fábrica no País, inicialmente prevista para 2015. De acordo com o diretor geral Joel Anderson “a unidade sairá agora”. Entenda-se: 2013.
Mesmo sem a definição do local da planta, a empresa já comprou um terreno de 275 mil metros quadrados nos arredores de Curitiba/PR. Sem divulgar prazos, a Sinotruk irá montar seus caminhões em regime de CKD para, gradativamente, atingir o índice mínimo de 60% de itens nacionalizados.
Nem de longe a norte-americana International planeja uma “rota de fuga” do País, e também quer fábrica própria no Brasil (ainda sem detalhes). “O IPI não afetou a confiança da Navistar (grupo que controla a empresa) no Brasil. E para sermos um concorrente sério no mercado, entendemos que é preciso uma planta de produção local”, conta Marcelo Macera, diretor executivo de Vendas e Marketing da empresa.
“Hoje, a Navistar não pode viver somente do mercado norte-americano. Temos que ser uma companhia global, e a primeira base de nossa operação global será o Brasil. Queremos atuar no BRIC. Já temos uma joint-venture (Empreendimento conjunto) com a Mahindra na Índia, e outra com a JAC na China. E a Rússia será a próxima”, finaliza Macera.
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