Facchini

Perspectiva 2012 – Caminhões Pesados – Começar do zero


Crise de tendência, crise de preocupação, crise de confiança. Várias foram as definições ouvidas dos executivos do setor de caminhões ao comentarem as incertezas geradas pelo cenário internacional. Como bem definiu o diretor de operações de caminhões da Ford, Oswaldo Jardim, 2012 é um ano enigmático. E o setor tem um componente interno adicional que é a mudança de linha do Euro 3 para o Euro 5.
Ainda não há clareza – ou ao menos falta concordância – quanto à antecipação de compra este ano em função da chegada da nova tecnologia e em qual proporção. Tem também a questão de eventuais incentivos aos transportadores para investirem na nova linha, tipo o Finame Verde, medida que poderia evitar uma desaceleração mais forte do mercado.

Enfim as dúvidas são muitas. Assim como as projeções do setor, que variam de uma queda de 15% nas vendas internas no próximo ano, projeção da Mercedes-Benz, até crescimento na faixa de dois dígitos, aposta feita pela MAN Latin America.
A Iveco fala em queda de 10% num cenário mais pessimista, que seria gerado pelo agravamento da crise internacional, ou estabilidade numa estimativa mais otimista. A Ford Caminhões, por sua vez, não arrisca citar índices, mas tem claro que será muito difícil repetir em 2012 o resultado deste ano. E até reviu para baixo a projeção de 2011 – de 177 mil para 174 mil caminhões.
A projeção de um mercado menor feita pela maioria dos fabricantes passa por uma série de análises, incluindo o inevitável aumento no preço dos caminhões, estimado de 8% a 20% diante das melhorias impostas pelo Euro 5.
Além disso, todas as fabricantes, segundo Jardim, terão de suspender a produção temporariamente para a mudança de linha neste fim de ano início do próximo. E haverá um tempo para o mercado se adequar. “Vamos ter de aguardar a chegada dos novos produtos às redes para ver qual será a estratégia de marketing de cada montadora, como os preços serão posicionados.” Com a chegada do Euro 5, avalia Jardim, é como se a indústria brasileira de caminhões começasse do zero. “Muda tudo.”
Empolgação. Como diz o presidente da Volvo do Brasil, Roger Alm, as novas regras do Pronconve P7 é motivo de comemoração para o setor e para o País. “Estamos empolgados, pois a questão ambiental sempre foi uma meta importante para a Volvo. O transporte de bens ficará mais limpo do ponto de vista ambiental. Mas seria bom que algo fosse feito também em relação à frota muito antiga, que continua rodando com níveis elevados de emissões.”
Também incerto quanto aos reflexos dos problemas internacionais, mas ressalvando que, assim como em 2009, o Brasil poderá passar por mais esta crise global sem ser afetado drasticamente, Alm diz que em uma análise mais otimista o mercado pode até crescer.
Já o presidente da Iveco. Marco Mazzu, trabalha com dois cenários: queda de 10% se o Brasil sofrer os impactos da crise internacional ou estabilidade se os problemas internacionais não se agravarem. De qualquer forma, avalia que a atual crise é mais de confiança do que de fundamentos.
Apesar de também considerar o horizonte nebuloso, o presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, estima mercado em torno de 170 mil caminhões para 2011 e um crescimento de pelo menos dois dígitos em 2012.
“Ano que vem deveremos crescer por volta de 10% no mercado interno, na produção e também com as exportações muito próximas disso.”
Cortes atribui as mesmas dúvidas que permeiam o mercado de caminhões na análise do segmento de ônibus, mas se mostra entusiasmo em relação ao Caminho da Escola, programa do governo com objetivo de renovar frota de veículos escolares.
Jürgen Ziegler, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, é enfático na análise de que o ano que vem não repetirá o sucesso dos últimos. “Teremos queda em torno de 15% na produção de caminhões, ficaremos na faixa das 145 mil a 150 mil unidades contra as 170 mil a 180 mil deste ano.”
Ziegler avalia que a pré-compra neste final de ano por conta da chegada das linhas Euro 5 em janeiro seria normal. “É o que acontece historicamente. Mas o mercado brasileiro é sempre uma surpresa.”
Na área de chassis para ônibus a previsão de Ziegler é também de decréscimo de vendas no próximo ano. O mercado total deve fechar com 27 mil unidades. Isto apesar da existência de eleições municipais que normalmente aquecem a renovação de frotas de transporte urbano. Quanto às exportações, o presidente da Mercedes-Benz diz que elas dependerão da combinação do custo Brasil e do desempenho do câmbio. Mas este ano a empresa comemora bons volumes: 5,2 mil caminhões e 9,5 mil ônibus.
FONTE: Autodata
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