O presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, avalia como complexas as perspectivas para os segmentos de caminhões e ônibus para os próximos meses, o que inclui o ano que vem. O representante da fabricante, porém, tem claro na cabeça as diversas incógnitas que pairam sobre o mercado de veículos comerciais pesados, bem como para o setor automotivo.
Depois, o presidente MAN Latin America, também em função do que poderá ocorrer lá fora, questiona a rota pela qual se conduzirá a economia doméstica: se pela via do controle ou por ações desenvolvimentistas. “Não dá para afirmar se o governo manterá uma política interna como a que estamos presenciando até agora, baseada em benefícios e em incentivos, embora seja animador pensar nos impulsos que teremos com os futuros eventos esportivos e os investimentos do PAC na infraestrutura, aliás, deficiência brasileira que merece solução urgente.”
A provável – e esperada – antecipação de compra de caminhões antes da entrada em vigor das novas leis ambientais do Proconve P7, em janeiro, e como o mercado irá reagir aos aumentos de preço dos novos produtos são duas outras apreensões manifestadas pelo presidente da MAN Latin America.
“Gostaria de saber o tamanho desta antecipação de compra. O mercado ainda não se definiu totalmente por esta decisão. Depois, tenho um problema: sou contra fazer estoque quando não se tem para quem vender. Além disso, também quero entender de que maneira o transportador aceitará repasses de 10% a 20% no preço final do caminhão.”
Ainda que o horizonte se encontre nebuloso, Cortes estima mercado em torno de 170 mil caminhões para 2011, o que resultaria em uma alta de quase 9% sobre o ano passado, e uma expansão de pelo menos dois dígitos em 2012. “Ano que vem deveremos ver um crescimento por volta de 10% no mercado, na produção e também com as exportações muito próximas disso.”
Ônibus. Cortes atribui as mesmas dúvidas que permeiam o mercado de caminhões na análise para o segmento de ônibus. Revela, no entanto, entusiasmo em relação o Caminho da Escola, programa do governo com objetivo de renovar frota de veículos escolares, o que contribuirá para encerrar 2011 com 30 mil ônibus negociados, aumento próximo de 7% na comparação com 2010. O representante da fabricante ainda aposta no mesmo índice de 10% de crescimento no ano que vem.
“Na verdade são estimativas prematuras, porque acredito que ninguém ainda dimensionou o real impacto proporcionado pela redução dos juros, pela ascensão social e até mesmo pela Copa do Mundo na economia brasileira.”
Embora ainda fazendo contas dos prováveis efeitos do que pode acontecer no mundo e consequentemente no País, o presidente da MAN Latin America dá fim nos próximos meses ao ciclo de investimento de R$ 1 bilhão alocado na fábrica de Resende, RJ, para aumento de capacidade, novos produtos, tecnologia e pesquisa. Entretanto adiantou que espera para, em breve, anunciar mais uma bolada, destinada ao acompanhamento do crescimento dos próximos cinco anos, de 2012 a 2016.
A companhia também, em recente decisão, anunciou investimento de US$ 15 milhões na ampliação de suas operações no México. A empresa produzirá por lá, em regime de SKD, os caminhões Volkswagen Constellation e maior leque de opções dos chassis Volksbus para o aquele mercado.
Boa dose de otimismo de Roberto Cortes também se deve aos novos produtos que estão para chegar com a entrada em vigor do Proconve P7, em janeiro. No seu horizonte curto está a introdução dos extrapesados com a marca MAN, modelos inéditos no mercado nacional, e a decisão da empresa em oferecer tanto a tecnologia EGR, de recirculação de gases, quanto SCR, de redução catalítica, em sua linha de veículos. “Estou realmente surpreendido com o desempenho dos motores que preparamos. E cabe dizer que o EGR, principalmente para os ônibus médios e pesados, será um diferencial de mercado, pois nenhuma outra concorrente nossa optou por oferecer essa tecnologia.”
FONTE: Autodata