Compará-lo a Indiana Jones seria exagero, mas o presidente da Volvo do Brasil, Roger Alm, é um executivo singular, pois gosta de sentir na pele como é o dia a dia de pessoas que fazem parte do seu negócio – de uma ponta à outra da cadeia, ou seja, dos funcionários aos caminhoneiros.
E viveu também o dia a dia dos caminhoneiros, pilotando um caminhão Volvo FH nas estradas de Goiás, com direito a pernoite na estrada e paradas em pontos de encontro de caminhoneiros para bater papo e ouvir a opinião dos profissionais da estrada sobre os produtos da marca.
Apesar da postura arrojada, Alm mantém cautela quanto aos prognósticos para o mercado de caminhões de 2012, limitando-se a dizer que continua otimista. O agravamento da crise econômica internacional pode, sim, afetar o futuro, mas “o Brasil tem uma economia local muito forte e, assim como em 2009 esperávamos efeitos mais intensos da crise no País, e isso não aconteceu na dimensão que se temia, penso que poderemos passar por mais esta crise global sem ser afetado drasticamente”. Em um cenário mais otimista, espera que o mercado cresça.
Positivo. Considera motivo para se comemorar o fato de todos os veículos produzidos no País a partir de 2012 estarem enquadrados nas normas de emissão do Proconve P7.
“Estamos empolgados com isso, pois a questão ambiental sempre foi uma meta importante para a Volvo. O transporte de bens ficará mais limpo do ponto de vista ambiental. Mas seria bom que algo fosse feito também em relação à frota muito antiga, que continua operando com níveis elevados de poluentes.” Alm adiante que este é um bom momento para se pensar em uma política nacional de renovação de frota por tratar-se de uma questão vital, não somente do ponto de vista ambiental, mas também do da segurança.
Iniciando 2011 com investimentos de R$ 25 milhões para fabricar no Brasil as caixas de câmbio eletrônicas e o motor de 11 litros de seus caminhões, e outros R$ 50 milhões para construção de mais um centro de logística de peças de reposição, a empresa vem contabilizando números notáveis.
Além de sua importância estratégica no continente, o Brasil é atualmente o principal mercado de caminhões da fabricante em todo o mundo, com o maior volume de vendas nos últimos dois anos.
Em 2010 a Volvo negociou 18,7 mil caminhões pesados e semipesados na América Latina. Até agosto de 2011 havia registrado vendas de 9 mil 52 caminhões pesados, cerca de 20% mais que os 7 mil 497 faturados em igual período do ano passado, quando o mercado todo contava crescimento de 10,3%.
Em semipesados, até agosto foram vendidos 3 mil 316 unidades, contra 2 mil 19 nos primeiros oito meses de 2010, com crescimento de 64,2% da Volvo num mercado que cresceu 26,6%.
Acima da média. “Fomos a marca de caminhões que mais cresceu em 2010 e continuamos crescendo em 2011”. Apesar de destacar que não tem participação de mercado como meta, e sim a satisfação dos clientes, não esconde certo prazer ao reconhecer que a Volvo mantinha a liderança do mercado de caminhões pesados até agosto de 2011, com 25,3% de participação.
Roger Alm entende que a boa performance da companhia se deve ao resultado de uma política de investimentos consistente, que permitiu manter oferta de produtos atualizada por meio de lançamentos que vêm ocorrendo com regularidade, como foi o caso dos novos caminhões das linhas VM, FH e FM, com destaque para o FMX, destinado ao setor de construção. “Temos uma ampla gama de opções para os segmentos da construção e mineração, cuja demanda tem sido crescente em função da grande quantidade de obras de infraestrutura e de outros tantos canteiros que surgem em todo o país.”
Na estratégia de promover contínuos avanços, a empresa foi a primeira das fabricantes de caminhões instaladas no Pais a apresentar a nova linha de veículos pesados de carga com tecnologia SCR a fim de atender às normas do Proconve P7.
O presidente da empresa, que em 2011 rendeu ao Sindicato dos Metalúrgicos do Paraná a melhor negociação de Participação nos Lucros e Resultados da história da categoria, com PLR de R$ 15 mil, acredita ser possível manter o otimismo para o ano que vem, mas faz um alerta: “Convém ter flexibilidade para reduzir volumes, se for necessário, como decorrência do agravamento da crise global”.
FONTE: Autodata