Facchini

Empresários e caminhoneiros autônomos se unem em ato contra restrição a caminhões na marginal Tietê


Cerca de 130 profissionais da área do transporte de cargas da cidade de São Paulo se reuniram na manhã de hoje em frente à Prefeitura para protestar contra a recente restrição à circulação de caminhões na marginal Tietê. Empresários, caminhoneiros autônomos e representantes de sindicatos patronais e de empregados queriam uma audiência com o prefeito Gilberto Kassab, o que não ocorreu. O grupo seguiu à Câmara Municipal, onde foi recebido pelo presidente da casa, José Police Neto. Ao final, os manifestantes não se mostraram satisfeitos, alegando que nenhuma solução imediata foi tomada.
Os caminhoneiros e empresários protestaram contra a ampliação da restrição a caminhões na marginal Tietê e em outros corredores viários de São Paulo. A nova regra passa a valer na próxima segunda-feira (12/12). A proibição aos caminhões será limitada aos horários de pico de segunda a sexta (das 4h às 10h e das 16h às 22h), e aos sábados das 10h às 14h. As multas aos infratores (R$ 85,12) serão aplicadas somente em 12 de janeiro de 2012.
Na marginal Tietê, será proibido circular entre a ponte Aricanduva e a rodovia dos Bandeirantes. A restrição valerá ainda em avenidas como Juntas Provisórias, do Estado, Paes de Barros, Salim Farah Maluf e Marquês de São Vicente. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) justificou que tais alterações irão aumentar em 20% a velocidade nessas vias.
“A restrição é uma falta de respeito com o nosso setor. O Brasil usa a marginal Tietê, e não apenas São Paulo. Não podemos ter uma restrição de 12 horas, pois não temos onde estacionar esses veículos. É necessária uma infraestrutura que nunca foi realizada, e agora quem paga o preço é a área do transporte”, disse Francisco Pelucio, presidente do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região).
“Nós não fomos consultados pela prefeitura. A CET disse que fez um estudo técnico. Mas que estudo é esse que não ouve quem é do setor?”, questionou Pelucio.
Pelo lado dos autônomos, José Araújo “China” da Silva, presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), ressaltou que desde os anos 80 já ocorrem restrições aos veículos pesados: “Não se pode circular na Fernão Dias nos finais de semana, todos os caminhões que passam por São Paulo têm que obedecer ao rodízio de placas e recentemente foram proibidos caminhões na região de Santo Amaro. Nenhum caminhoneiro gosta de passar na marginal, mas é preciso ter alguma solução que permita a entrada na cidade para que o abastecimento de bens e mercadorias não sofra problemas”.
Sem solução imediata
Após ouvir as reivindicações das lideranças do ato, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Police Neto, falou aos manifestantes “que o Legislativo tem suas limitações constitucionais” para resolver a questão imediata da marginal Tietê.
“O que assumo com todos vocês é que a Câmara vai levar as reivindicações do setor para o Poder Executivo. E aproveitamos para convidá-los a discutir em 2012 a política de desenvolvimento da cidade, pois faremos um novo planejamento do Plano Diretor Municipal. Com as sugestões de todos vocês, será possível criar uma melhor interação entre a área dos transportes, o prefeito e a secretaria municipal dos Transportes”, disse Police.
Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), resumiu o espírito de quem participou do ato contra a restrição: “Dizer que estamos satisfeitos não é verdade. Estaríamos se tivéssemos sido recebidos pelo prefeito. O setor vem sendo legislado há muitos anos pela prefeitura de forma unilateral. Entendemos as dificuldades que tem a Prefeitura de São Paulo tem em administrar nosso município, pois as questões devem envolver também os outros 38 municípios da região metropolitana. Mas é preciso discutir em conjunto”.
“Vamos aguardar que o presidente da Câmara e o prefeito tenham um diálogo na próxima semana. Se não houver solução, os sindicatos de autônomos e dos empresários irão planejar alguma medida. Só na cidade de São Paulo, somos 52.000 caminhoneiros autônomos. Em todo o Estado, chegamos a 211.000”, apontou Bernabé Rodrigues, o “Gastão”, diretor do Sindicam-SP (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo).
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