Cerca de 130 profissionais da área do transporte de cargas da cidade de São Paulo se reuniram na manhã de hoje em frente à Prefeitura para protestar contra a recente restrição à circulação de caminhões na marginal Tietê. Empresários, caminhoneiros autônomos e representantes de sindicatos patronais e de empregados queriam uma audiência com o prefeito Gilberto Kassab, o que não ocorreu. O grupo seguiu à Câmara Municipal, onde foi recebido pelo presidente da casa, José Police Neto. Ao final, os manifestantes não se mostraram satisfeitos, alegando que nenhuma solução imediata foi tomada.
Na marginal Tietê, será proibido circular entre a ponte Aricanduva e a rodovia dos Bandeirantes. A restrição valerá ainda em avenidas como Juntas Provisórias, do Estado, Paes de Barros, Salim Farah Maluf e Marquês de São Vicente. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) justificou que tais alterações irão aumentar em 20% a velocidade nessas vias.
“A restrição é uma falta de respeito com o nosso setor. O Brasil usa a marginal Tietê, e não apenas São Paulo. Não podemos ter uma restrição de 12 horas, pois não temos onde estacionar esses veículos. É necessária uma infraestrutura que nunca foi realizada, e agora quem paga o preço é a área do transporte”, disse Francisco Pelucio, presidente do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região).
“Nós não fomos consultados pela prefeitura. A CET disse que fez um estudo técnico. Mas que estudo é esse que não ouve quem é do setor?”, questionou Pelucio.
Pelo lado dos autônomos, José Araújo “China” da Silva, presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), ressaltou que desde os anos 80 já ocorrem restrições aos veículos pesados: “Não se pode circular na Fernão Dias nos finais de semana, todos os caminhões que passam por São Paulo têm que obedecer ao rodízio de placas e recentemente foram proibidos caminhões na região de Santo Amaro. Nenhum caminhoneiro gosta de passar na marginal, mas é preciso ter alguma solução que permita a entrada na cidade para que o abastecimento de bens e mercadorias não sofra problemas”.
Sem solução imediata
Após ouvir as reivindicações das lideranças do ato, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Police Neto, falou aos manifestantes “que o Legislativo tem suas limitações constitucionais” para resolver a questão imediata da marginal Tietê.
“O que assumo com todos vocês é que a Câmara vai levar as reivindicações do setor para o Poder Executivo. E aproveitamos para convidá-los a discutir em 2012 a política de desenvolvimento da cidade, pois faremos um novo planejamento do Plano Diretor Municipal. Com as sugestões de todos vocês, será possível criar uma melhor interação entre a área dos transportes, o prefeito e a secretaria municipal dos Transportes”, disse Police.
Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), resumiu o espírito de quem participou do ato contra a restrição: “Dizer que estamos satisfeitos não é verdade. Estaríamos se tivéssemos sido recebidos pelo prefeito. O setor vem sendo legislado há muitos anos pela prefeitura de forma unilateral. Entendemos as dificuldades que tem a Prefeitura de São Paulo tem em administrar nosso município, pois as questões devem envolver também os outros 38 municípios da região metropolitana. Mas é preciso discutir em conjunto”.
“Vamos aguardar que o presidente da Câmara e o prefeito tenham um diálogo na próxima semana. Se não houver solução, os sindicatos de autônomos e dos empresários irão planejar alguma medida. Só na cidade de São Paulo, somos 52.000 caminhoneiros autônomos. Em todo o Estado, chegamos a 211.000”, apontou Bernabé Rodrigues, o “Gastão”, diretor do Sindicam-SP (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo).
FONTE: Brasil Caminhoneiro