Perto de encerrar um programa de investimentos de R$ 350 milhões no país, a americana Caterpillar entra em um novo ciclo de crescimento, ampliando seu foco de atuação para capturar a demanda por máquinas nas atividades de mineração e extração de petróleo.
A empresa espera iniciar já em abril a produção de locomotivas em Sete Lagoas (MG), e - com a transferência das linhas de retroescavadeiras e carregadeiras de pequeno porte para uma nova fábrica em Campo Largo (PR) - começa a trabalhar na expansão de linhas no espaço aberto dentro do complexo industrial em Piracicaba, onde está a sede da companhia no Brasil.
Paralelamente, o grupo prevê para os próximos dois anos a introdução no mercado brasileiro de novas tecnologias de motores a gás da recém adquirida MWM, além da inauguração de uma linha de geradores para a indústria petroleira em Piracicaba. A inauguração está prevista para o dia 14 de março.
Em outra frente, trabalha para levar à sua rede de distribuidores novos equipamentos de mineração, segmento no qual a companhia americana ampliou o poder de fogo com a compra da Bucyrus, finalizada em julho do ano passado. Sua meta é chegar mais perto e facilitar o atendimento de clientes como a Vale, segunda maior mineradora do mundo.
A Caterpillar colocou os equipamentos de mineração - caso dos caminhões fora-de-estrada e das escavadeiras - no topo dos investimentos de US$ 4 bilhões previstos para este ano porque está operando acima da capacidade nessas linhas.
Contudo, não há no momento nenhuma decisão de iniciar no Brasil a produção dos grandes maquinários usados nas minas. A prioridade, por enquanto, é completar a integração da Bucyrus e levar seus equipamentos para toda a rede de distribuição.
"Uma vez que isso esteja concluído, o que deve acontecer neste ano ou no começo do próximo,, poderemos começar a olhar para a possibilidade de produção local", disse Doug Oberhelman, presidente global da Caterpillar, que esteve no Brasil na semana passada.
O executivo está otimista com as perspectivas para a demanda de projetos ligados à infraestrutura, como a construção de estradas, portos e aeroportos. Para ele, a capacidade da indústria global de equipamentos ainda é insuficiente para fazer frente ao consumo dos próximos anos, levando em conta a velocidade de crescimento em mercados emergentes e a recuperação, ainda que lenta, de economias desenvolvidas.
No Brasil, a Caterpillar desembolsou quase US$ 200 milhões para ampliar sua capacidade nos últimos anos, mas Oberhelman disse que esses investimentos podem não ser suficientes para um aguardado aquecimento de consumo. A direção discute agora quais serão os próximos passos para preparar a companhia à demanda por bens de capital após a Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.
"Não tenho nenhum plano a anunciar no momento, mas continuaremos investindo muito no Brasil nos próximos dois ou três anos", conta Oberhelman.
Apesar da expansão de mercados em desenvolvimento na Ásia, na África e na América Latina, os Estados Unidos devem receber metade dos investimentos previstos para 2012. No ano passado, a matriz nos Estados Unidos recebeu quase 60% dos investimentos de US$ 2,6 bilhões realizados em todo o mundo.
Apesar disso, 70% das vendas do grupo já estão fora do mercado americano. "Os Estados Unidos, a Europa, a Austrália e o Japão são muito importantes. Mas, em termos de aceleração dos investimentos, estamos buscando regiões como o Brasil, a China e o Sudeste Asiático", afirmou o presidente da Caterpillar.
O grupo tem como meta alcançar de US$ 68 bilhões a US$ 72 bilhões em receita global neste ano, o que, se confirmado, representará um crescimento de 13% a 20% na comparação com o resultado recorde de 2011.
As previsões da Caterpillar levam em conta fatores como a recuperação dos investimentos em mercados desenvolvidos, a retomada dos gastos com construção nos Estados Unidos, a forte demanda por commodities - estimulando os negócios de seus clientes - e um crescimento de 8,5% da economia chinesa. Também incorporam a tendência de crescimento em outras economias emergentes, em meio a uma distensão da política monetária na maioria desses países.
Sobre as oportunidades de aquisições, Oberhelman afirmou que ainda vê espaço para novos movimentos de consolidação na China, dado o grande número de fabricantes operando no país asiático. Já na América Latina, há poucas opções de compra e o foco do grupo na região continuará sendo crescer organicamente - ou seja, a partir das operações já existentes.
FONTE: Valor Econômico