Na avaliação de especialistas, a restrição da circulação de caminhões é uma medida que aliviará pontualmente e por um período curto o congestionamento do viário regional. Segundo o presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Ailton Brasiliense, devido aos gargalos acumulados ao longo das últimas décadas, como falta de planejamento, a medida é o que ‘resta’. “Pelo fato de não ter nada, sobra isso. Mas é preciso avaliar que o ABC tem crescente demanda de serviços e entregas. Como ficarão os polos geradores?“, provoca.
Ailton Brasiliense diz que a iniciativa será eficaz se preceder alguma intervenção duradoura. “Toda restrição tem prazo de validade. O rodízio de veículos, implantado há 15 anos, foi importante, mas já está saturado. Todo o planejamento urbano deve ser repactuado”, sugere ao citar profundas revisões no Plano Diretor, principalmente no Uso e Ocupação do Solo.
O professor de Engenharia Civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Creso Franco Peixoto, mestre em Transportes, afirma que existem relações matemáticas que mostram melhoria significativa com a restrição. “Na prática, retira um caminhão e esse espaço será ocupado por alguns automóveis”, calcula.
Porém, o especialista adverte que a medida é paliativa. “A demanda reprimida, em decorrência do elevado nível de motorização e da falta de sistema público de massa, vai ter uma expectativa gerada e atendida num primeiro momento, mas depois essa expectativa provocará decepção pela permanência do problema”, comenta ao salientar a necessidade da consolidação da malha do Metrô.
Segundo o mestre em Transportes, se for atingido o índice da Cidade do México, onde são construídos 6 km de metrô por ano, em 10 anos seriam 60 km em São Paulo, fato que atrairia significativamente a migração dos automóveis. Atualmente, o índice paulista é de 2 km ano.
FONTE: Repórter Diário