O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) disse na manhã desta quarta-feira que representa todos os 800 caminhões "tanqueiros" (que fazem transporte de combustível) que atuam na cidade de São Paulo. Atualmente, 95% dos tanqueiros são autônomos, trabalham em caminhões próprios e não estão vinculados a empresas. Por esse motivo, a greve promovida pelo sindicato conseguiu, em apenas três dias, causar uma crise de distribuição na cidade.
A assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Setcesp) diz que as empresas de transporte de combustível são responsáveis por cerca de 5% do transporte do setor na cidade, mas é comum essas empresas não terem frota própria e também utilizarem trabalho terceirizado de autônomos.
Conforme o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP), a categoria vai acatar a decisão judicial da 7ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que determinou que os motoristas voltassem a distribuir combustível em postos de gasolina da capital paulista.
Segundo a assessoria de imprensa do Sindicam-SP, embora até o início da manhã desta quarta-feira o sindicato ainda não tenha sido notificado da decisão da Justiça, o sindicato decidiu, ainda na noite de terça-feira, acatar a liminar e solicitou aos motoristas que retornassem a distribuir combustível aos postos. No entanto, como se trata de motoristas autônomos, o sindicato diz que não tem como obrigar os motoristas a cumprir a decisão. De acordo com a assessoria de imprensa do Setcesp, o sindicato não está participando da greve com nenhum caminhão.
Entenda
Os transportadores de combustíveis protestam contra a restrição aos caminhões na Marginal Tietê, que entrou em vigor na última segunda e vale nos dias úteis, das 5h às 9h e das 17h às 22h.
O vice-presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros Autônomos, Claudinei Pelegrini, reclama que a restrição ao tráfego na Marginal é a quinta imposta pela prefeitura ao trânsito de caminhões na cidade. Segundo ele, em alguns casos, o trajeto feito para entrega de produtos pode subir em mais de 100 km caso os caminhões não possam passar pela Marginal Tietê.
Houve relatos de violência contra caminhoneiros que tentaram entregar combustível apesar da paralisação, o que levou o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) a pedir auxílio da polícia para garantir a entrega dos combustíveis.
"Infelizmente, essas manifestações estão ocorrendo de forma violenta, com depredações de diversos veículos e ameaças a funcionários e motoristas", disse o Sindicom em nota.
"O Sindicom deu entrada na segunda na Justiça em pedidos de medidas cautelares, para assegurar proteção policial ostensiva ao trânsito dos caminhões-tanques de suas associadas. Aguardamos estas decisões para retomar as operações com segurança."
Só na terça, a Polícia Militar realizou pelo menos seis escoltas para garantir a entrega de combustíveis, mas segundo a assessoria de imprensa da corporação, alguns motoristas estão se recusando a fazer entregas mesmo com escolta por temores de que possam sofrer represálias posteriores.
As escoltas estão sendo coordenadas pelo gabinete de crise criado pela Polícia Militar, que conta também com a participação da tropa de choque, da Polícia Rodoviária e de representantes da prefeitura. Além de escoltas, a PM também realiza policiamento preventivo para garantir segurança nas distribuidoras.
FONTE: Terra