Comprar um caminhão zero quilômetro com toda tecnologia embarcada e conforto incorporados a esses novos modelos é o sonho do motorista autônomo. A falta de capital, desviado para pagar custos com manutenção, além de todas as despesas geradas pelo transporte rodoviário de cargas, acaba adiando por muitos anos a realização deste sonho e, como consequência, seu veículo fica cada vez mais desatualizado e com menor valor de mercado para ser dado como parte de pagamento de um outro mais novo.
Conforme dados atualizados da Agência Nacional do Transporte Terrestre (ANTT) - com base no Registro Nacional do Transporte Terrestre - os veículos pesados registrados chegam a 1.648.639 e 46% desse total (762.111) estão nas mãos dos autônomos, têm idade média de 19,2 anos, seis anos a mais da média brasileira, estimada atualmente em 13,2 anos. A solução para este tipo de profissional, representante de 84% do total de transportadores (autônomo, empresa, cooperativa), tem sido a troca por caminhões seminovos.
Mas, para evitar problemas futuros e não ter mais prejuízos é preciso observar itens importantes e escolher locais seguros e confiáveis para realizar a compra. Em relação à parte mecânica deve ser levado em conta o tipo de trabalho executado anteriormente com o caminhão e também como foi sua manutenção, orienta o gerente de vendas da Marcelo Caminhões, Renne Arantes Gonçalves. Para ele um veículo com alta quilometragem e boa manutenção, com operação dentro das especificações do fabricante, com certeza é superior a outro com quilometragem baixa, porém com manutenção e operação inadequados.
Na parte de documentação, ainda de acordo com Gonçalves, o comprador deve desconfiar de preços milagrosos, pois na maioria das vezes veículos oferecidos são comprados de empresas falidas ou de pessoas físicas com alto endividamento. Essas situações podem acarretar em bloqueio judicial da documentação até os problemas serem resolvidos, depois de meses ou até mesmo anos. Ele justifica a vantagem de adquirir um cavalo-mecânico seminovo diante do alto preço do veículo novo. "Quando um particular ou até mesmo uma empresa de pequeno ou médio porte fazem a compra de um ou mais veículos novos, devido o baixo volume de unidades o desconto concedido pela concessionária também é baixo, porém, a desvalorização sofrida pelo veículo por deixar de ser novo é muito alta", explica. Apesar de o seminovo ter taxas de juros mais altas e prazos de garantia menores, a compra acaba sendo um negócio mais vantajoso para o autônomo, acrescenta Gonçalves.
Os fabricantes de caminhões sabem disso e veem nos seminovos um nicho de mercado. Por isso, têm oferecido ações e programas de incentivo a compra e atraído cada vez mais os motoristas autônomos. A Scania, por exemplo, disponibiliza o Superzerado e o cliente adquire um veículo - com até 10 anos de uso - via transferência direta, com certificado de origem da própria fábrica. Conforme explica o gerente de gestão de seminovos e usados da Scania, Silvio Sant´anna, além do nível diferenciado de produto, e o acesso aos mesmos serviços disponíveis aos veículos zero quilômetros, o cliente tem ainda a segurança transmitida pela aquisição de um Scania de modo direto, sem intermediários, conhecendo a procedência do veículo.
"O autônomo representa a maior parte de nossos clientes. Isso se deve, principalmente, ao fato de o profissional, em sua maioria, não dispor do capital necessário para atualizar sua pequena frota, ou trocar seu único caminhão no decorrer dos anos e acabou ficando com veículos muito distantes, em termos de valorização, dos atuais 0km", explica Sant´anna. Desde o inicio de suas operações, em 2002, o programa Superzerado vendeu 3000 unidades. Os seminovos também podem ser adquiridos por meio da rede de concessionárias Scania, porém nesse caso, sem intervenção da montadora.
O mesmo acontece com a Volvo, com o programa Viking de seminovos, cujo principal cliente é o motorista autônomo. "Os caminhões Viking têm tudo para o motorista rodar com mais tranquilidade. Um veículo em excelente estado, com preço competitivo e garantia nacional Volvo, na rede de concessionárias, para o trem de força (motor, caixa de câmbio e eixo traseiro)", explica João Domingos Milano, responsável pela área de seminovos da Volvo do Brasil. Em 2011, o programa vendeu 1,2 mil caminhões, o dobro de unidades de dois anos atrás. Existem três opções de compra de um Viking. No selecionado, o caminhão é entregue com reparos de mecânica e de funilaria, garantia de seis meses, com filtros e com óleos novos. No Plus, reparos de mecânica e de funilaria, garantia de 12 meses (com contrato de manutenção), pneus, rodas, óleos e filtros novos. "A confiança no programa Seminovos Viking da Volvo é tão grande entre os motoristas e transportadores ao ponto de não ser raro cliente adquirir o caminhão sem vê-lo pessoalmente. Em alguns casos, o cliente compra apenas com as informações e fotografias nos sites da Internet da Volvo do Brasil e das concessionárias da marca", afirma.
A internet tem sido uma ferramenta eficiente para divulgar veículos usados oferecidos nas concessionárias Mercedes-Benz. A Assobens, associação dos concessionários da marca, lançou recentemente o site (www.encontreseucaminhao.com.br), na prática um catálogo de vendas de caminhões, ônibus e comerciais leves usados da marca, além de implementos. De acordo com João Batista Saadi, presidente da associação, além do aspecto comercial essa ferramenta possibilita um maior relacionamento com os clientes e cria oportunidades para podermos oferecer também nosso amplo leque de produtos e serviços de pós-venda".
Para Saadi, a escolha entre caminhão novo e usado é questão de preço, depende do capital disponível pelo motorista para aquela situação. Isso torna a opção do seminovo e usado mais atrativa para o autônomo. Porém, destaca a importância do profissional ter consciência das vantagens de se adquirir este tipo de veículo de uma revenda, ao invés de um particular. "O benefício está exatamente em ter um local para reclamar caso o cliente tenha algum problema com o caminhão adquirido", conclui.
Renne Arantes Gonçalves compartilha da opinião de Saadi sobre comprar veículo usado em revenda autorizadas, pois a garantia de mecânica é obrigatória por lei e também a garantia de procedência do veículo. "Ao comprar o veículo de um particular, ou de uma empresa não atuante no ramo de compra e venda, como uma transportadora por exemplo, o comprador não tem direito a essas garantias previstas por lei", explica.
A garantia de mecânica prevista por lei refere-se ao motor, incluindo o bloco e todos os itens em seu interior; caixa de câmbio e o eixo de tração. Essa garantia não cobre itens como parte elétrica, cabine, rodas e pneus, interior, eixo cardan, embreagem, turbina e todo seu sistema, compressor e bomba injetora e bicos, ou então, no caso de caminhões eletrônicos, o módulo e unidades injetoras.
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