Em palestra na Automec Pesados e Comerciais (Anhembi, São Paulo, 10 a 14 de abril), o engenheiro Luso Ventura, diretor da consultoria Engenharia da Mobilidade, esclareceu a evolução na legislação de emissões no País para Proconve P7, equivalente a Euro 5, que trouxe mudanças significativas no powertrain de caminhões e ônibus produzidos desde 1º de janeiro para comercialização no mercado doméstico. As novas regras, em vigor desde primeiro de janeiro, reduzem significativamente as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado, prejudiciais à saúde.
Há duas novas tecnologias para tratamento de emissões: SCR (Seletive Catalitic Reduction), para veículos maiores e que percorrem longas distâncias; e o EGR (Exhaust Gases Recirculation), para veículos menores e de aplicação urbana.
Segundo Ventura, o SCR é mais utilizado na Europa e trata-se de um sistema instalado em caminhões que faz a limpeza dos gases do escapamento injetando uma dosagem de ARLA 32 (solução de 32% de uréia em água mineralizada), que não é poluente nem agride o meio ambiente. Cada tanque de ARLA tem cerca de 50 litros do produto e é preciso um abastecimento periódico.
Já o EGR é o sistema que compete com o SCR e também faz o tratamento dos gases, porém de maneira diferente: além de ser montado fora do motor, ele funciona retirando o gás do escapamento e jogando em uma câmara de resfriamento dentro do veículo, o que também reduz os níveis de NOx e MP emitidos.
Além dos novos sistemas de tratamento de gases necessários para atender as exigências do Proconve P7, outra novidade incorporada aos veículos é o sistema de diagnóstico de falhas OBD (On-Board Diagnostic), que monitora o desempenho dos sistemas e aponta falhas no suprimento de Arla 32 (como a falta do produto ou má qualidade).
Luso destacou que os veículos fabricados dentro da nova legislação não devem rodar utilizando outro combustível que não seja o diesel S50, com 50 partes de enxofre por milhão.
ABASTECIMENTO
Na mudança da legislação para P7 havia o temor de não haver diesel S50 nos postos de combustível ou Arla 32. O suprimento tem avançado, enquanto exista uma frota muito pequena de caminhões P7 para aquisição do produto, que tem vida limitada em razão da degradação do biodiesel que contém. “Agora temos combustível. Onde estão os caminhões?”, questiona Ricardo Hashimoto, diretor da Fecombustíveis.
A NTC & Logística alerta que o Arla 32 tem sido comercializado por preços bastante diferentes, variando na faixa de pouco mais de três reais a nove reais. O valor é menor quando o produto é adquirido em concessionárias ou postos de serviço de fabricantes de caminhões ou motores.
“Aqui no Brasil, o custo do ARLA ainda é bastante volátil, mas na Europa é praticamente igual ao Diesel. Com as adequações corretas, a gente espera que isso aconteça aqui no País”, complementou Luso Martorano Ventura.
VALOR AGREGADO
De acordo com o consultor, a sétima etapa do Proconve traz melhorias significativas na redução de emissões por veículos pesados, porém o custo é maior que dos veículos da fase anterior do Proconve. A variação do preço do ARLA, por exemplo, é um dos fatores que elevam custos.
Os fabricantes dos veículos, no entanto, asseguram que os veículos P7 são 6% a 8% mais econômicos no consumo de combustível que a geração anterior (P5), emitem menos gases tóxicos e agregam uma série de novas tecnologias, oferecendo maior conectividade e sistemas de diagnóstico e segurança mais avançados.
FONTE: Automotive Business