Com a entrada em vigor, em janeiro deste ano, da nova etapa do programa de controle de emissões de poluentes de veículos diesel, o Proconve P7, as vendas de caminhões já recuaram quase 5% no primeiro trimestre e a média das apostas, até agora, aponta para um mercado entre 145 mil e 150 mil unidades em 2012 inteiro. Contudo, já existem analistas refazendo essas contas – e para cima.
Para a consultoria autoAnálise, dos economistas Francisco Trivellato e Francisco Mendes, o aumento de prazo e redução das taxas de juros da linha Finame/BNDES abriram uma “janela de oportunidade” para o segmento, que em vez de cair poderá crescer em torno de 3%, para 175 mil caminhões vendidos, ou até mesmo mais de 11%, para 190 mil, caso os fabricantes segurem os aumentos de preços dos modelos Euro 5, que segundo as montadoras variam de 5% a 15% em relação aos correlatos Euro 3.
No início de abril, como parte do pacote anunciado pelo governo de medidas de incentivo à indústria automotiva no País, o BNDES baixou de 10% para 7,7% ao ano a taxa do Finame para compra de caminhões, além de aumentar de 96 para até 120 meses o prazo máximo de financiamento, elevando também o porcentual financiável de 70% para 80% do valor do bem; e de 80% para 100% no caso de micro, pequenas e médias empresas. Na linha Procaminhoneiro, para autônomos, o juro anual foi reduzido ainda mais, de 7% para 5,5%. Para a autoAnálise, essa flexibilização do crédito para o setor muda completamente o cenário para 2012.
Como o Finame financia quase 90% das vendas de caminhões no País, os cálculos a consultoria apontam para uma rápida expansão da demanda por caminhões já a partir deste mês. “Ao aplicar os novos parâmetros de crédito do Finame no modelo de estimativa de mercado desenvolvido pela equipe autoAnálise, o potencial de aumento de vendas no período entre abril e dezembro de 2012 é de 23% sobre o mesmo período de 2011”, diz o estudo.
Como esse mercado costuma responder fortemente a notícias positivas, os economistas da autoAnálise estimam que ainda haveria tempo este ano para a demanda por caminhões superar 190 mil unidades. Mas eles ponderam que a medida desse crescimento será dada por dois fatores. O primeiro é a disponibilidade e rapidez na liberação dos empréstimos pelo BNDES e bancos repassadores do Finame. Neste ponto, a aposta é que “há motivos para acreditar na disposição em emprestar, pois o cliente quer o novo produto”. O segundo fator moderador é o preço do caminhão. As montadoras deverão escolher entre cobrar mais e vender menos ou diluir o lucro por unidade com volumes maiores.
A análise da consultoria conclui que se os preços se mantiverem iguais ou com variações marginais o potencial máximo de 190 mil unidades pode ser atingido. Caso os preços sejam plenamente corrigidos, ainda assim o volume de negócios deve fechar 2012 próximo a 175 mil caminhões vendidos, número acima dos 168,8 mil de 2011.
FONTE: Automotive Business