A Volvo começou o ano na liderança de vendas de caminhões Euro 5 acima de 15 toneladas de peso bruto total (PBT). “Ficamos com cerca de 40% de participação nesse segmento no primeiro trimestre”, comemorou Roger Alm, presidente do Grupo Volvo América Latina. O porcentual não se traduz em altos volumes, não mais que 400 unidades, pois no período foram emplacados em torno de mil modelos que se enquadram na nova legislação de emissões, o Proconve P7, em vigor desde janeiro. Contudo, o primeiro lugar na faixa de mercado que reúne os produtos mais caros, e que os Volvo têm preços ainda mais altos, mostra acerto de estratégia.
“Fomos a primeira marca a mostrar os modelos Euro 5 e contamos com o reconhecimento dos clientes sobre a qualidade de nossos caminhões, que custam mais caro, mas quebram menos. Isso faz diferença nesse momento”, explica Bernardo Fedalto, diretor de vendas para América Latina. Segundo ele, não há mais estoque de caminhões Euro 3, que podiam ser faturados para as concessionárias até o fim de março.
Se não representa grandes volumes ainda, as vendas dos modelos Euro 5 parece ter ajudado a Volvo a começar o ano de forma mais tranquila. Por enquanto, o que salva o desempenho é a linha de semipesados VM, com alta de 13,3% no primeiro trimestre, enquanto o segmento como um todo caiu 7,7% no período. Com isso, a Volvo foi a segunda marca mais vendida de semipesados nos primeiros três meses do ano. Entre os pesados, o recuo do mercado foi de 6,6% e a família F da Volvo registrou retração de 10%, mas Fedalto lembra que foi nessa faixa que foi vendida a maior quantidade de modelos Euro 5 até agora.
PREVISÕES IGUAIS
Apesar do início de ano um pouco melhor do que a concorrência, além das recém-anunciadas linhas de crédito mais baratas do BNDES para a compra de caminhões, Fedalto diz que as previsões para 2012 continuam as mesmas: a empresa estima queda de 5% a 10% nas vendas de caminhões acima de 15 toneladas de PBT, para algo como 105 mil unidades. “Não mudamos a nossa visão. Prevíamos que o desempenho seria mais lento, é o que está acontecendo, talvez nesse momento com intensidade um pouco maior do que a esperada, mas mesmo assim será o segundo melhor ano da história, o que é muito bom”, disse o executivo.
Fedalto avalia que o cenário deve melhorar daqui para frente, com o financiamento mais barato do BNDES. “O banco está aprovando rápido, o que é bom para retomar as vendas. Mas houve uma certa retração, pois alguns clientes decidiram esperar pela linha em melhor condição. E os que já estavam com o processo em andamento estão sendo chamados de volta para mudar o plano, com juros menores. Tudo isso acaba atrasando um pouco a retomada”, explica.
“Vemos grandes oportunidades de crescimento na América Latina e principalmente no Brasil”, disse Dennis Slagle, presidente executivo de vendas e marketing da Volvo Americas, que veio ao Brasil para assistir a largada de uma etapa da regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race, em Itajaí (SC). “Nossa perspectiva é de um futuro muito positivo para a região”, acrescentou.
O Brasil deverá continuar a ser o maior mercado mundial de caminhões Volvo – o grupo tem também as marcas Mack, UD, Renault Trucks e Nissan Diesel. Considerando todas as divisões, no melhor ano da companhia em sua história, o mercado brasileiro respondeu em 2011 por 11% do faturamento US$ 47,7 bilhões (a Europa representou 39% e a América do norte 19%). Na América Latina, as vendas somaram US$ 5,4 bilhões.
O Grupo Volvo atua com três marcas de caminhões nos mercados latino-americanos: além da própria Volvo com a fábrica brasileira de Curitiba (PR), a empresa também tem os Renault Trucks e UD montados no Uruguai e os Mack feitos na Venezuela. O Brasil é o único país da região em que a empresa trabalha só com a Volvo. Alm explica que isso ocorre devido às características do mercado brasileiro, que privilegia os modelos feitos no próprio País, mas afirma que “as oportunidades serão sempre estudadas, vamos fazer o que for mais eficiente”. “No caso de introdução de qualquer nova marca em um mercado seremos muito cuidadosos, pois sabemos do risco de misturar”, acrescentou Slagle.
FONTE: Automotive Business