Facchini

Caminhão usa 'solução mágica' para emitir menos poluentes

No início de 2012, o grande desafio de todos os fabricantes de caminhões que atuam no Brasil era entregar produtos adaptados à norma Proconve P-7, que determina que os novos motores a diesel devem emitir até 80% menos poluentes do que os modelos fabricados até então (norma Proconve P-5). 
Para entender como essas adaptações foram feitas — um processo que nada tem de simples —, o R7 foi conhecer o caminhão de entregas Atego 1419, fabricado pela Mercedes-Benz. Concebido para rodar principalmente dentro das cidades, ele é o famoso "caminhãozinho da Coca-Cola". 
Quem nos acompanhou no teste foi o técnico em demonstrações João Moita, o mesmo que já nos havia auxiliado quando testamos o "grandalhão" e ultra-tecnológico Actros 2646. 
A primeira e clara diferença, além do tamanho (o Atego é classificado como "médio", enquanto o Actros é um "pesado"), é a própria aplicação da tecnologia. O caminhão de entregas da Mercedes-Benz usa câmbio manual e tem muito menos recursos de auxílio ao motorista. Ainda assim, itens como ar-condicionado, computador de bordo e vidros elétricos estão presentes. O modelo também tem lugar para transportar dois auxiliares.
É de fato no trem de força que a mágica da tecnologia se apresenta. Aos seus novos propulsores a diesel para veículos comerciais, a Mercedes aplicou o "sobrenome" BlueTec5, usado para designar os motores já adaptados à nova norma. 
Mais quais são, afinal, as adaptações? A principal delas é a aplicação de uma "solução mágica" de ureia (Arla 32) que é utilizada pelo catalisador para transformar os nocivos gases de óxido de nitrogênio (NOx) em nitrogênio simples e vapor de água. Ou seja, o que antes era substância poluente vira não-poluente. Veja no quadro abaixo ocorre o processo. 
Segundo a Mercedes-Benz, graças a essa solução aplicada fora do motor, os engenheiros têm mais liberdade para trabalhar os componentes propulsores e torná-los mais eficientes na queima de combustível, o que também ajuda a reduzir significativamente a emissão do chamado material particulado (fuligem ou fumaça preta). 
De acordo com o técnico Moita, para o motorista, a única diferença está na necessidade de encher o tanque externo de Arla 32 a cada três, quatro ou cinco abastecimentos de diesel. 
— Também é preciso trocar o filtro de Arla 32 a cada dois anos.
Para máxima eficiência do sistema, também é necessário abastecer o caminhão com diesel do tipo S10 ou S50 (mais limpos). De acordo com a Petrobras, é possível rodar o País de ponta a ponta sem passar aperto na hora de encontrar esse combustível, embora motoristas consultados pelo R7 tenham dito que nem sempre isso é verdade. 
Para o engenheiro da Mercedes-Benz Marcelo Liboni, a evolução dos sistemas propulsores de caminhões ocorre em ritmo até mais acelerado do que o visto nos carros. 
— Um caminhão com o motor BlueTec5 polui até 40 vezes menos do que oito anos atrás. 
Liboni afirma, no entanto, que essa tecnologia, bem como seus equivalentes de outros fabricantes, só fará real diferença quando for "mais popular" nas ruas. 
— É preciso que haja foco do governo para a renovação da frota brasileira, que ainda é muito antiga e poluente. 
Em relação aos modelos anteriores, os novos caminhões já adaptados à norma ficaram de 8% a 10% mais caros, segundo a Mercedes-Benz.

O que diz a norma? 
Em relação aos motores Proconve P-5 (Euro 3), os propulsores a diesel Proconve P-7 (Euro 5), obrigatórios em caminhões novos a partir de janeiro de 2012, devem ser até 80% menos poluentes. 

Monóxido de carbono (CO): - 29% 
Hidrocarbonetos totais (HC): - 23% 
Óxidos de Nitrogênio (NOx): - 60% 
Material particulado (MP): - 80%
FONTE: R7
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