Este será um ano conturbado para o mercado de ônibus, pois muitos fatores estão influenciando seu comportamento, desde uma nova legislação ambiental que regula os índices de emissões, agora regida pelas normas do PROCONVE 7, às particularidades de um ano eleitoral que normalmente influencia o comportamento de compras das empresas de transporte de passageiros.
Nesses primeiros quatro meses do ano a maioria das compras de chassi concentrou-se em veículos com motorização EURO III existente nos estoques de montadoras e concessionárias, produzidos até dezembro do ano passado. Agora em maio, com o término dos estoques dos modelos EURO III, iniciou-se a comercialização de modelos com motorização EURO V.
Nesse momento a aquisição está ocorrendo somente quando a empresa de transporte precisa atender um novo contrato ou cumprir plano de modernização de sua frota por conta de cláusula contratual com a Prefeitura do Município onde opera. A maioria das grandes empresas de transporte urbano e rodoviário fez suas compras antecipadas no ano passado, antevendo as dificuldades esperadas neste inicio da vigência da nova lei de emissões, que além de tornar os chassis mais caros (de 10% a 15%) por conta do custo da nova motorização, necessita utilizar o novo diesel S 50 (mais caro) e, além disso, na maioria dos modelos, utilizar o aditivo ARLA 32. Tudo isso encarece o custo operacional.
Em ano eleitoral dificilmente as prefeituras autorizarão aumento das tarifas dos transportes urbanos, o que compensaria o possível aumento no custo operacional das frotas equipadas com os motores EURO V. O novo FINAME PSI, que entrou em vigor em meados do mês de abril veio ajudar nesse quesito, pois tornou o financiamento mais longo e mais barato e isso pode minimizar esse impacto de custo. Existem dúvidas se só isso pode compensar os novos custos operacionais. No transporte rodoviário, os governos estaduais também não estão liberando novas licitações para as linhas interestaduais ou tampouco renovando as atuais, o que deixa o empresário temeroso em investir em novos veículos antes que isso se esclareça.
A reboque desse “imbroglio” seguem as empresas encarroçadoras, que dependem da venda dos chassis pelas montadoras e concessionárias para sequenciar suas linhas de montagem. Para as encarroçadoras os resultados dessas variações de vendas de chassi chegam de 45 a 60 dias depois, que é o tempo médio entre a comercialização do chassi e o processo de inicio de montagem da carroceria. Assim, o pior mês de venda das montadoras, que foi abril, vai provocar queda da produção das empresas encarroçadoras entre meados de maio e o mês de junho. Sendo uma atividade que utiliza intensa mão de obra na confecção das carrocerias, isso certamente trará um impacto no nível de emprego nessas empresas.
Neste mês de maio, apesar das incertezas ainda existentes, o mercado já dá mostras de recuperação e cada mês que passar as dificuldades iniciais irão sendo superadas. A partir de junho espera-se que o volume de venda de chassis inicie uma trajetória de crescimento, mas que só deverá deslanchar após as eleições de outubro. Este ano, o mercado de ônibus deverá ter um volume de vendas entre 10 a 20% abaixo do ano passado, que foi o melhor da história. Portanto, no balanço final, apesar das incertezas, 2012 ainda será um bom ano para o setor de ônibus.
FONTE: Transpoonline