O novo aumento do diesel, anunciado há poucas semanas pela Petrobras, não agradou o setor de transporte e causou até surpresa pelos profissionais da área. “Nós, empresários, não esperávamos nunca que houvesse agora uma posição do governo para reajuste do diesel. Efetivamente, isso pegou todo o setor desprevenido. Principalmente em função do cenário econômico, com queda nas importações, exportações e na produção de grãos”, explica Newton Gibson, vice-presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
De acordo com Gibson, face ao momento difícil que o setor está vivendo, com baixa na movimentação de carga, o reajuste terá que ser repassado ao valor do frete. “Não podemos deixar de repassar, porque o combustível tem um percentual alto na composição desse custo”, enfatiza.
Segundo o executivo, as empresas da Região Sul já estão emitindo comunicados aos clientes avisando sobre a transferência dos valores, prevista para iniciar nesta semana. “Estamos negociando com os postos de combustível para tentar conseguir o melhor preço, mas o reajuste vai acontecer em conjunto com outros repasses”, revela.
Embora o reajuste já esteja valendo, o diesel teve alta de pouco mais de 1% na última semana, segundo levantamento semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível). Entre os dias 15 e 21 de julho, o preço médio do combustível foi de R$ 2,078. O menor preço encontrado para o produto comercializado ao consumidor foi R$ 1,779 e, o maior, R$ 2,81. Na semana anterior, o valor do litro era de R$ 2,050, com variação entre R$ 1,739 e R$ 2,80.
Se no transporte rodoviário o repasse ao consumidor deve ser imediato, no urbano, o encarecimento deve ocorrer no próximo ano, em função do reajuste anual. Entre os meses de abril e maio, os usuários do serviço devem encontrar tarifas até 6,5% mais caras. De acordo com Otávio Vieira da Cunha Filho, presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), o impacto no setor chegará a R$ 450 milhões por ano – o que representa quase 1,5% no custo do serviço. “Este 1,5% vai se somar a defasagem existente em cada cidade. Normalmente, os reajustes anuais têm se situado no patamar de 5%. Então vamos somar a esse reajuste o impacto do diesel”, adianta.
“A gente lamenta que tenha havido aumento no diesel e não na gasolina. O diesel interfere no custo Brasil, já que todos os bens, mercadorias e pessoas são transportadas em cima de pneus – veículos que consomem óleo diesel. Isso resulta em um impacto direto no custo das mercadorias e vai trazer ônus para as pessoas, certamente”, finaliza.
FONTE: webtranspo.com.br