Facchini

Alta do diesel surpreende transportadores

O novo aumento do diesel, anunciado há poucas semanas pela Petrobras, não agradou o setor de transporte e causou até surpresa pelos profissionais da área. “Nós, empresários, não esperávamos nunca que houvesse agora uma posição do governo para reajuste do diesel. Efetivamente, isso pegou todo o setor desprevenido. Principalmente em função do cenário econômico, com queda nas importações, exportações e na produção de grãos”, explica Newton Gibson, vice-presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
De acordo com Gibson, face ao momento difícil que o setor está vivendo, com baixa na movimentação de carga, o reajuste terá que ser repassado ao valor do frete. “Não podemos deixar de repassar, porque o combustível tem um percentual alto na composição desse custo”, enfatiza.
Lembrando que a Petrobras aumentou o combustível em 6%, nas refinarias, o que representou uma alta aproximada de 4% sobre o preço final ao consumidor. Este encarecimento, segundo Paulo Vicente Caleffi, presidente da Fetransul (Federação das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul), deverá fazer com que valor do frete suba de 0,9 a 2%.
Segundo o executivo, as empresas da Região Sul já estão emitindo comunicados aos clientes avisando sobre a transferência dos valores, prevista para iniciar nesta semana. “Estamos negociando com os postos de combustível para tentar conseguir o melhor preço, mas o reajuste vai acontecer em conjunto com outros repasses”, revela.
Embora o reajuste já esteja valendo, o diesel teve alta de pouco mais de 1% na última semana, segundo levantamento semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível). Entre os dias 15 e 21 de julho, o preço médio do combustível foi de R$ 2,078. O menor preço encontrado para o produto comercializado ao consumidor foi R$ 1,779 e, o maior, R$ 2,81. Na semana anterior, o valor do litro era de R$ 2,050, com variação entre R$ 1,739 e R$ 2,80.
Se no transporte rodoviário o repasse ao consumidor deve ser imediato, no urbano, o encarecimento deve ocorrer no próximo ano, em função do reajuste anual. Entre os meses de abril e maio, os usuários do serviço devem encontrar tarifas até 6,5% mais caras. De acordo com Otávio Vieira da Cunha Filho, presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), o impacto no setor chegará a R$ 450 milhões por ano – o que representa quase 1,5% no custo do serviço. “Este 1,5% vai se somar a defasagem existente em cada cidade. Normalmente, os reajustes anuais têm se situado no patamar de 5%. Então vamos somar a esse reajuste o impacto do diesel”, adianta.
“A gente lamenta que tenha havido aumento no diesel e não na gasolina. O diesel interfere no custo Brasil, já que todos os bens, mercadorias e pessoas são transportadas em cima de pneus – veículos que consomem óleo diesel. Isso resulta em um impacto direto no custo das mercadorias e vai trazer ônus para as pessoas, certamente”, finaliza.
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