O engenheiro mecânico automobilístico, Walter Alves de Oliveira Junior atuou 17 anos na gestão de manutenção de frota de importantes empresas brasileiras como a Viação Cometa e a Braspress e é membro do Comitê de caminhões e ônibus do SAE Brasil.
Walter, baseado em sua experiência, definiu quais são os 10 principais equívocos que as empresas que possuem frota própria, têm cometido na gestão deste departamento.
É comum encontrar empresas em que a manutenção da frota é considerada como prejuízo. A Manutenção quando tratada de forma séria e correta, como um processo importante da cadeia produtiva, se torna uma fonte inesgotável de informação e de fundamental importância na gestão financeira.
Ainda não existe frota que não necessite de manutenção e esta, quando bem executada, otimiza os custos e traz ótimos resultados de produtividade.
2- Mão de obra qualificada na liderança da gestão da manutenção:
A responsabilidade por esse setor, frequentemente fica a cargo de um profissional com muitos anos de empresa, que, por mais que conheça o processo, não tem um aperfeiçoamento técnico e teórico adequado.
A manutenção é uma área de estudo cientifico da engenharia e é preciso ter um conhecimento apurado e atualizado.
3- Treinamento:
Treinar e requalificar constantemente a mão de obra. A tecnologia automotiva muda a cada instante e novos processos, conceitos, equipamentos de diagnósticos, insumos mudam na mesma velocidade e esta atualização no conhecimento dos profissionais de manutenção é de fundamental importância.
4- metas e índices de controle:
Trabalhar sem metas bem estabelecidas e índices de controle que possam ser medidos adequadamente prejudica a evolução dos trabalhos.
Os índices de controle estão para um gestor de manutenção como uma bússola está para o capitão de um Navio. É por meio deles que podemos entender a real situação e tomar ações cabíveis.
5- Manutenção corretiva, preventiva e preditiva
Entender e compreender o significado destes três tipos de manutenção é fundamental. A manutenção corretiva é muitas vezes tratada como a única forma de executar uma intervenção no veículo.
Todos os veículos saem de fábrica com um manual de instruções e neste consta as principais intervenções preventivas a serem efetuadas nos vários componentes do veículo, basta executa-las.
A Preditiva resulta em maior economia financeira, menos descarte de material e perda na produção do equipamento ou de sua vida útil.
6- Check-list
No intervalo entre as manutenções preventivas devem ocorrer vistorias periódicas. A realização do Check-List do veículo não é responsabilidade exclusiva do departamento de frota. O operador da maquina “motorista” e os mecânicos, eletricistas, borracheiros devem ter esse hábito também.
A abertura das Ordens de Serviço e todo o tramite para a analise do problema até a intervenção deve ser informatizado para manter confiabilidade dos dados coletados e deve ser mantido uma boa relação entre mecânico e motorista.
7- Suprimentos – estoque e compra de peças:
Este item pode ser considerado um capítulo a parte, onde os erros aqui cometidos refletem diretamente na produtividade operacional do veículo e na sua segurança.
Em primeira analise, em empresas com várias filiais é comum ouvirmos que o correto é centralizar o departamento de compras para economizar no preço, já que se compra em maior quantidade. Mas também ouvimos o oposto, onde o correto é descentralizar as compras para diminuir o tempo de parada de manutenção do veículo e quantidade de peças em estoque.
Ambas as situações estão corretas e devem ser aplicadas quando necessárias, ou seja, a decisão deve partir quando a operação e a sua necessidade de disponibilidade do veículo por ela for fator determinante.
8- Terceirização da manutenção:
A terceirização da manutenção quando vista pela empresa como uma forma de redução de custos pode ser errônea ao longo do tempo. Se o objetivo é exclusivamente esse, a terceirização pode afetar a qualidade do serviço consequentemente diminuindo a segurança.
9- Vistorias técnicas:
Órgãos reguladores do setor de transporte definem que toda empresa que possuir frota própria em que os veículos sejam movidos a óleo Diesel, deverão criar e adotar um Programa Interno de Autofiscalização da Correta Manutenção da Frota quanto a emissão de fumaça preta.
É aconselhável elaborar uma planilha que conste os vários itens a serem vistoriados, onde estes devem ter um peso pela sua importância na segurança e no final deve ser fornecida uma nota de 0 a 10 para cada veículo e para cada frota, seja por filial ou por empresa.
10- Errar na condução da gestão da manutenção:
Por fim, o maior de todos os erros é acreditar que na manutenção de sua frota existam espaços para que erros sejam cometidos. É regra geral que quando esta erra, ocorrem acidentes com vítimas e dependendo da gravidade, pode vir a trazer sérios problemas para a imagem e a credibilidade da companhia além do prejuízo financeiro.
FONTE: Transporta Brasil